REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Lc 7, 36-8.3 - 11º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C

-NOTAS PARA A COMPREENSÃO DO TEXTO:

-OS FARISEUS – Os fariseus eram membros de um partido religioso, que se dedicavam ao estudo e cumprimento da Lei Mosaica e das tradições dos antepassados.
                               
O que marcava o fariseu era o apego e o valor que davam às exterioridades. Enquanto exigiam o cumprimento de práticas caducas formalísticas, seu coração era frio e sem misericórdia. Esse comportamento formalístico é que fez o fariseu do evangelho não compreender o que se passava entre Jesus e a mulher pecadora...

-“Certa mulher, conhecida na cidade como pecadora,” estava aos pés de Jesus.

-Aqui vem uma pergunta provocada pela nossa curiosidade: “Como uma prostituta conseguiu entrar no interior da casa de um fariseu, um puritano, um escrupuloso da Lei?”
                               
De acordo com o comentarista bíblico Frei Clarêncio Neotti, OFM, a mulher devia ter conhecido Jesus em suas pregações em praça pública e ter largado o pecado anteriormente. Tocada pela graça e sentindo a necessidade de manifestar em público o profeta que era Jesus, trouxe um pequeno frasco de alabastro com perfume. Alabastro era um pequeno vaso (um frasco) de um material branco translúcido, de boca estreita, que servia para guardar perfumes de primeira qualidade. Eles eram conhecidos no Egito, na Índia, na Grécia e em Roma desde remotas eras. Ela entrou na sala do banquete, confundindo-se com os penetras,  o rosto e a cabeça ocultos pelo seu manto. Naquele tempo, o dono da casa permitia que pessoas comuns penetrassem na sala do banquete para ficar ao lado elogiando as iguarias que recendiam fumegantes na sala do banquete, coisa inteiramente bizarra para nós ocidentais. Entre os penetras entrou a pecadora pública.

-DOIS CONTRASTES: “O fariseu” e a “pecadora pública”.
                               
O “fariseu” é grosseiro. Embora reconhecendo Jesus como profeta e tendo-o convidado para uma refeição em sua casa, temendo os olhares e as críticas dos seus comparsas fariseus que também entravam, não cumpriu a praxe do seu tempo oferecendo um beijo a Jesus á entrada da sua residência. Também não mandou o criado lavar-lhe os pés nem ofereceu o perfume ao entrar.
                            
A “pecadora pública”, apesar de não ser o anfitrião da casa, afrontou, corajosamente, os olhares malévolos dos convivas (ela era conhecida pelo próprio fariseu, dono da casa, e – quem sabe? - de outros que se reclinavam ao redor da mesa). E lavou os pés de Jesus com suas lágrimas de arrependimento e os enxugava com seus cabelos. Na falta do beijo e do perfume do anfitrião, ela osculava os pés de Jesus e os perfumava com um perfume escolhido.
                         
“Fariseu” e “pecadora”, ambos reconheciam Jesus como profeta, mas o primeiro resolveu ficar de fora, dentro dos limites da conveniência social , e apenas ter Jesus como um simples hóspede. Pior ainda, cobrindo-o com seus olhares malévolos e falsos. A pecadora deixou a graça entrar em seu coração, empenhou-se em mostrar publicamente Jesus como profeta, apesar do acanhamento que sentia sob o peso dos olhares malévolos dos circunstantes.
                       
“O fariseu” julgava-se autossuficiente; “a pecadora”, carente e arrependida.
                        
O resultado foi também oposto para os dois: “o fariseu” perdeu o momento da graça, que lhe era oferecida.

A “pecadora” saiu justificada.

-APLICAÇÃO DO EVANGELHO NA NOSSA VIDA:
                        
Os fariseus cumpriam, escrupulosamente, as formalidades exteriores da sua religião. Cumpriam todas as leis, desdobrando-as em detalhes minuciosos, que chegavam até à lavagem dos pés e das taças. Como se não bastasse, vinham, depois, as tradições dos antepassados. Mas o coração deles andava longe.
                      
E nós? Em que está consistindo o nosso comportamento religioso? Será que a nossa religião não está se limitando às formalidades da missa de fim de semana? Durante a semana, no interior da nossa casa, no ambiente do nosso trabalho, pelas ruas da nossa cidade, no mercado, onde anda o nosso coração? Será que vemos o perfil do Cristo da Missa no esmoler que nos estende a mão, nas mulheres da vida que encontramos deitadas ao pé das paredes do mercado?

Por Francisco Valmir Rocha - Animação Bíblica de Camocim/CE

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