“Devemos
ultrapassar uma pastoral de mera conservação ou manutenção para assumir uma
pastoral decididamente missionária, numa atitude de conversão pastoral”
(Conferência de Aparecida)
Uma das instâncias fundamentais
de organização e dinamismo da Igreja no Brasil e no mundo diz respeito às
“pastorais”, que são, na realidade, ações especializadas de “pastoreio” em prol
da evangelização e da construção do Reino de Deus no mundo, prioritariamente
onde a vida e a dignidade humana se encontrem ameaçadas ou feridas de alguma
maneira. Cada pastoral é sempre um empenho, uma atitude profética direcionada
aos que mais sofrem na sociedade, aos que vivem à margem deste sistema
excludente...
A imagem do Bom Pastor descrita pela
comunidade joanina (Jo 10, 1-21) nos apresenta as características que devem
nortear o autêntico pastoreio cristão. O pastor é aquele/a que vive em função
de suas ovelhas, com amor gratuito, zelo e dedicação; sem almejar lucro ou
poder. Ele conhece melhor do que ninguém o seu “rebanho” e por isso, assume uma
atitude de constante empatia: sofrendo e alegrando-se junto, tomando para si as
mesmas dores e angústias daqueles que confiam em sua liderança pastoral. É um servidor do Reino, uma presença de
esperança e consolo junto aos que se perderam por entre tantas pastagens e
caminhos tortuosos.
Essa é a inspiração primordial, a
fonte cristalina da qual somos convidados a beber sempre que possível. Uma
pastoral não pode limitar o seu campo de ação às necessidades internas da
Igreja, voltada exclusivamente para uma evangelização “ad-intra”, de manutenção
e conservação de velhas estruturas que hoje já não respondem aos desafios desta
sociedade contemporânea. Hoje, infelizmente, é comum perceber ainda em muitas
paróquias e dioceses a realização quase sempre improdutiva e insipiente de
muitas ações pastorais, extremamente burocráticas, centralizadas e distantes do
chão concreto da vida. Penso que é hora de diminuirmos o fluxo interminável de
tantas reuniões e discursos infrutíferos, para reservarmos um tempo maior em
nossas agendas àquilo que realmente é essencial em nossa práxis cristã, o
cuidado amoroso com o rebanho a nós confiado e o anúncio insistente do
Evangelho de Jesus Cristo, com justiça e profetismo.
Uma pastoral deve cultivar duas
dimensões fundamentais:
- Uma
espiritualidade cristocêntrica e, portanto, reinocêntrica, alimentada pela
mística do Mestre de Nazaré, Jesus Cristo;
- Um conjunto
de ações organizadas e concretas na comunidade, tendo como referência, a OPÇÃO
PREFERENCIAL PELOS POBRES;
Essa caminhada de renovação se
firma em quatro pressupostos: a iniciação cristã, a setorização, a
ministerialidade e o compromisso pela vida. Cada um desses pilares é
fundamental para uma reconfiguração de nossas ações e projetos pastorais. Oxalá, tenhamos uma Igreja menos sacramental e mais missionária, comunidade de
comunidades, fermento de transformação da sociedade.
Por César
Augusto Rocha - equipe de comunicação do CNLB
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