JOVENS: MUITO ALÉM DE MEROS ESPECTADORES, ELES QUEREM AGIR NA POLÍTICA

Mais de 1 milhão (1.157.551) de jovens com 16 anos deverão comparecer às urnas pela primeira vez em 2012. Somados aos jovens de 17 a 20 anos, eles são mais de 11 milhões de eleitores. De acordo com dados do Supremo Tribunal Eleitoral, entre os jovens de 17 anos (com 18 até o dia de posse) até os 24, mais de 17 mil são candidatos aos cargos de vereador ou prefeito.

Seja como eleitores ou candidatos, trata-se de uma parcela representativa de jovens ligada ao futuro do país. Mas afinal, o que eles esperam dos políticos? E como candidatos, o que pretendem fazer para melhorar a situação de suas cidades? Para Ângela Cristina Santos Guimarães, secretária adjunta da Secretaria Nacional da Juventude, a participação jovem é fundamental para uma renovação na pauta política do país(...) “Nós apoiamos o alistamento eleitoral aos 16 anos porque acreditamos que o exercício da cidadania pelos jovens é fundamental para a melhoria de vida no país.

É mais do que certo que eles participem dando suas ideias, sugestões e principalmente, que saibam em que medida seus direitos são defendidos. Acreditamos também que o jovem tem potencial para assumir um cargo eleitoral já que a maturidade dos eleitos não depende apenas da idade e sim do compromisso e de um conjunto de vivências em comunidade, que podem ter sido adquiridos no grêmio estudantil, no conselho de classe, nas associações, etc.”, disse Ângela.

O jovem de 15 anos, Gabriel Matheus Oliveira vai votar pela primeira vez esse ano. Além do título em mãos, ele já tem bem clara a consciência da responsabilidade de cada cidadão, quando o assunto são as eleições. “Eu resolvi tirar o título, mesmo tendo apenas 15 anos, pois vou completar 16 só em setembro, porque eu acredito que é importante mostrar a minha opinião e mostrar através do meu voto o meu interesse em mudar o futuro da minha cidade, do meu país” disse Gabriel. Depois dos protestos realizados na cidade de Taubaté/SP em 2011, quando o então prefeito Roberto Peixoto, foi acusado de improbidade administrativa, Gabriel de apenas 15 anos e um grupo de amigos começaram a fazer reuniões para conversar sobre as políticas públicas da cidade.

Desde que começou o período eleitoral, ele e um grupo de amigos se reúnem na praça do centro da cidade para conversar com os candidatos a prefeito e saber quais são suas propostas de governo. “A gente ouve as propostas deles, apresenta uma carta com as nossas propostas e pedimos que eles assinem. A intenção não é apoiar ninguém, a ideia é ser um meio para que os jovens possam ficar cara a cara com os candidatos” acrescentou Gabriel.

Para o cientista político, Alacir Arruda, a participação na Política, já aos 16 anos, é uma oportunidade de contribuir para a maturidade da Democracia no país. “A Democracia, em tese, é um regime político onde os governantes são eleitos pelo povo, e os governados têm a possibilidade de lutar para que o governo conceda melhorias, benefícios e propicie boas condições de vida, ou ainda, de contestar suas decisões.

No Brasil a democracia ainda é recente e caminha a passos vagarosos. Diante disso, o eleitor de 16 anos poderia colaborar para o amadurecimento do processo democrático deixando claro, a partir do seu voto, qual sua opção” afirmou Alacir. Ao falar sobre o interesse ou a falta de interesse dos jovens pela política, o especialista defende que boa parcela dos jovens brasileiros está sim, disposta a participar das decisões políticas do país.

“É muito comum se ouvir comentários de que a juventude de hoje não se interessa por política, que é uma geração apática, alienada e consumista, que passa a maior parte do seu tempo na frente da TV. Seguindo a contramão dessa afirmativa, temos jovens que participam de movimentos políticos e já estão, de certa forma, colaborando para desmistificação da política” completou.

Independente da idade, a consciência de que é possível lutar por uma sociedade mais justa pode vir até mesmo antes dos 16, a participação em movimentos pequenos, seja na escola ou na comunidade onde vive, pode contribuir e muito para a formação de cidadãos mais atuantes.

“Não existe idade para uma efetiva participação na política. Fazemos política desde o momento em acordamos até quando vamos nos deitar. Política esta no nosso dia-dia, o que realmente os jovens precisam se conscientizar é de que na pública, necessitamos de melhores representantes e nesse caso, ele é o protagonista principal” afirma Alacir Arruda.

A análise é da jornalista Vanessa Espíndola, Redação Portal A12, 19/08/2012.

Autor: Vanessa Espíndola

Fonte: Site do Conselho Diocesano de Leigos/as - Sul I

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