"A IGREJA NOS ENVIA PARA O MUNDO, MAS QUANDO RETORNAMOS, MUITAS VEZES ELA NÃO NOS ESCUTA" - 2º DIA DE ASSEMBLEIA

Com esta frase proferida por Carlos Signorelli, ex-presidente do CNLB, demos início ao 2º dia da XXXI Assembleia Nacional do Laicato às 7:30h com a oração inicial, coordenada pelo Regional Leste II. Logo no início do momento orante, foi feita a acolhida dos participantes com um mantra e uma unção com óleo perfumado, tendo como pano de fundo os 50 anos do Concílio Vaticano II. O texto de fundamentação foi extraído de I Pdr 2, 9-10(...)

Após o café, a assessora Eva Resende deu continuidade à sua explanação sobre o tema central da assembleia. Eis alguns pontos relevantes:

- O Concílio Vaticano II terminou no dia 08 de dezembro de 1965 e pertence já a história – lembrou o Pe. João Batista Libânio.

- O Vaticano II não foi completamente assimilado e encarnado: ainda estamos em tempos de recepção do Concílio;

- O Concílio criou instituições específicas, gerou um espírito renovado, capacitou a teologia para dialogar com os desafios abertos pela reforma protestante, pelas ciências modernas, pelo novo espírito de autonomia trazido pela modernidade, pela situação de opressão e marginalização no 3º mundo e por todo o clima cultural que se acentuou depois da 2ª Guerra Mundial;

- O Vaticano II provocou o nascimento ou o amadurecimento da teologia moderna europeia e da teologia da libertação; provocou profunda renovação na pregação, na catequese, no ensino dos Institutos de Teologia e na pastoral; prolongou a reforma na Liturgia; impulsionou o diálogo ecumênico e inter-religioso e com os não crentes;

- Nós estamos enfrentando uma crise de fé, uma crise nas instituições religiosas. Contribuiu para isso, sobretudo, o advento da revolução tecnológica da modernidade;

- A ideologia marxista se tornou para muitos uma “religião”, com símbolos e ritos específicos. Com o desmoronamento do marxismo, simbolicamente representado pela queda do muro de Berlim – 1989, avança o senhorio do neoliberalismo;

- Outro aspecto é o avanço do secularismo. O auge do fenômeno da secularização foi na década de 1960 e 1970. A propaganda “morte de Deus” vinha de todas as ciências – as naturais, a antropologia etc, e ainda hoje predomina em alguns setores na sociedade;

- A questão moral e ética, no tocante a vida e os seus desdobramentos parece uma chaga exposta. Para entender essa conjuntura é preciso analisar o aspecto das “relações” do mundo de hoje. Toda relação corre riscos; um perigo é o de se valorizar a relação, sem ter em conta a pessoa que se relaciona. A verdadeira relação é sempre um “êxodo” – buscar e ir ao “tu”.

Com o almoço, encerramos as discussões pela manhã.

As atividades foram reiniciadas à tarde com a criação dos grupos de trabalho, para discutir os seguintes questionamentos:

1- À luz do Vaticano II somos desafiados a repensar e recriar nossa presença e ação na Igreja e na sociedade. Quais compromissos podemos assumir enquanto CNLB para responder a esses desafios? Priorizar 03 desses compromissos para serem apresentados.

2- Que ações podemos realizar para concretizar os nossos CNLB’s diocesanos?

Após o momento de discussão, foram elencados alguns compromissos e ações:

Grupo 1:

1) Assumir o compromisso de comunhão e participação;
2) Formar grupos de estudos para estudar a eclesiologia do Vaticano II, sem perder as referências dos demais, especificamente a: Dei Verbum, Lumen Gentium, Gaudium et Spes e Sacrosanctum Concilium;
3) Criar escolas de formação onde não tem, com formação de fé e política e teologia laical. (onde houver fortalecer).

Grupo 2:

1) Atuarmos com autonomia laical, criar esta consciência;
2) Buscarmos sempre o diálogo com o clero, com toda Igreja;
3) Agirmos com consciência, compromisso político-social;

Grupo 3:

1) Os movimentos e organizações filiados em nível nacional devem orientar e incentivar a participação nos diocesanos;
2) Intensificar a divulgação do CNLB nos diversos níveis;
3) Congregar também os católicos que não participam de movimentos e pastorais, mas que atuam em outras instâncias da sociedade (sindicatos, associações e outros) e desejam como cristãos leigos comprometidos integrar aos conselhos;

Grupo 4:

1) Formação sistemática desde as bases, com conteúdo e metodologia condizente com a realidade dos leigos/as na Igreja local e na sociedade como um todo;
2) Organizar e/ou reestruturar os conselhos diocesanos e regionais;
3) Ver como animar a mística e a espiritualidade da vocação e missão laical;

Grupo 5:

1) Formação do laicato fundamentada no Vaticano II com base nos seguintes eixos: a missão do leigo no mundo atual, sua participação nos organismos da Igreja e da sociedade civil como: conselhos municipais de políticas públicas, sindicatos, associações e partidos políticos;
2) Resgatar uma liturgia motivadora;
3) Intensificar o diálogo entre agentes pastorais e movimentos;

Grupo 6:

1) Viabilizar que sejam mais conhecidos os documentos da Igreja. Compromisso completo com a formação;
2) Reforçar o CNLB na dimensão missionária;
3) CNLB como organismo de comunhão, que representa entidades laicais, que acolhe e valoriza todos os carismas e facilita o clima do diálogo;

Grupo 7:

1) Formação;
2) Participação nos conselhos e organizações da sociedade civil: conselhos paritários, grupos de acompanhamento das câmaras municipais etc;
3) Parceria com entidades de reconhecimento pela sociedade: OAB etc;

Grupo 8:

1) Resgatar a ideia de sermos povo de Deus, reafirmando nosso compromisso de promover a comunhão e a participação;
2) Criar mecanismos e estruturas para priorizar a autonomia financeira do organismo;
3) Criar espaço de formação para reconhecer a sua condição de leigo;

Grupo 9:

1) Proporcionar maior visibilidade ao organismo, posicionando sobre a política nacional através dos diversos meios de comunicação;
2) Centralizar o eixo do nosso discurso na ação do leigo;
3) Sistematizar formação sólida e efetiva que seja capaz de ajudar o leigo na sua missão como Igreja;

Grupo 10:

1) Fortalecimento do CNLB para o fortalecimento dos CNLB's regionais e diocesanos, através do estudo da mística e identidade do laicato para uma maior vivência cristã nas realidades sociais;
2) Dar maior visibilidade às conquistas do laicato, como organismo consultivo e deliberativo na Igreja e na sociedade, tendo ênfase no Dia Nacional do Leigo;
3) Disponibilizar aos regionais os temas e documentos apresentados na Assembleia Nacional, para serem repassados aos regionais, dioceses e paróquias;

Durante a tarde foi formada a nova comissão de comunicação do CNLB, formado pelos seguintes membros:

César Augusto Rocha - CE

Cristiano de Almeida Signorelli - SP

Cristiane da Silva Pichinin - SP

Reinaldo Oliveira - SP

Adelino Alexandre Lopes - MS

Para encerrar o dia foram dadas algumas notas e comunicados:

- Adelino Bessa – Norte II - transmitiu o apelo do Conselho Diocesano de Leigos da região do Xingu/PA, solicitando que o CNLB fizesse uma nota de repúdio contra a construção da Usina de Belo Monte, enfatizando a falta de diálogo e a intransigência do governo que desrespeita as comunidades impactadas pela construção da Usina de Belo Monte;

- Ficou definido também que o CNLB, fará uma carta ratificando o apoio à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável Rio +20 e a Jornada Mundial da Juventude;

Encerramos às 18:00h com o momento de oração final.

Por César Augusto Rocha - delegado do Regional NE I

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