"De Maria nunquam satis"
(De Maria por mais que se fale, nunca se falará o bastante)
(De Maria por mais que se fale, nunca se falará o bastante)
Com esta frase de São Bernardo (1090-1153), um dos grandes místicos da Idade Média, recordemos a importância de Maria, na história da salvação da humanidade, bem como em nossa vida cristã. As palavras não conseguem traduzir o inestimável legado de virtudes e o admirável exemplo de obediência e fé que esta serva de Javé nos deixou, como fonte inesgotável de vida espiritual.
Tudo em Maria traduz a concretização do projeto de Deus, inclusive o seu próprio nome. Segundo os pesquisadores, duas interpretações são extremamente convincentes acerca de sua origem: a egípcia e a ugarítica. Para a egípcia, Maria é a Amada de IaHWeH. Para a ugarítica, Maria é a sublime, a excelsa, a grandiosa. Significados tão grandiosos para alguém que se reconhecia a "escrava de Javé", a "serva do Senhor", aquela que se pôs a serviço de Deus, renunciando todo e qualquer projeto pessoal de vida para cumprir em tudo o propósito divino. O seu "sim" incondicional a fez participar sobremaneira da obra da Redenção, tornando-a Mãe de Deus. Ora, trata-se de uma conclusão no mínimo lógica entender tamanha honra. Se Maria gerou dentro de si o Verbo de Deus humanado, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, então podemos afirmar categoricamente a sua maternidade divina.
Santo Afonso Maria de Ligório, com toda a sua eloquência, amplia esta reflexão ao afirmar que Maria não só é Mãe de Deus, como também de toda a Igreja. Para ele, se Maria gerou a Cabeça da Igreja que é Jesus, gerou também o seu corpo que é a Igreja. De Maria nasceu o Salvador e a própria Igreja, corpo místico de Jesus. Mas a nossa filiação de Maria tem ainda outro fundamento bíblico. Jesus antes de morrer, já dera à humanidade presentes maravilhosos, como a Eucaristia, o Sacerdócio, o Mandamento do amor e na sua sábia generosidade deixou para o último momento aquele, que iria nos ajudar a zelar por todos os outros -: no Calvário, quando já se esgotavam suas energias, quando se esvaíam suas suas forças, quando fugia sua voz, Ele se dirigiu para sua Mãe, que estava em prantos ao pé da cruz com João e outros discípulos e disse-lhe: "Mulher, eis aí o teu filho" e depois dirigindo-se a João disse-lhe: "eis aí tua mãe" (Jo 19, 26-28).João representava naquela hora toda a humanidade, que era entregue a Maria para ser cuidada como filha. A mãe recebia agora uma missão muito mais vasta, a de zelar com amor maternal sobre todos os filhos espalhados por todo o Universo, em todas as gerações.
Não podemos e nem devemos separar a Mãe do Filho, Maria de Jesus. Os dois sempre estiveram juntos, mesmo naqueles momentos em que Jesus exercia o seu ministério de pregador itinerante. Mesmo aí, Maria o acompanhava com seu olhar materno e seu amor incondicional. Essa solicitude maternal, sempre foi exercida por Maria: nas bodas de Caná, quando ela manifestou a sua onipotência suplicante, intercedendo pelos noivos; na educação do menino-Deus, fruto de um mistério tão grande e principalmente logo após a partida de Jesus, quando os apóstolos estavam entristecidos e saudosos. Ela está sempre no meio deles confortando-os e encorajando-os. Na caminhada da Igreja através dos tempos, nos seus momentos altos e baixos Ela é sempre apoio, força e esperança.
Não pensemos erroneamente que Maria esteja ofuscando ou tirando o brilho de Jesus. Ela é o caminho mais curto e seguro para chegarmos até Ele, é seta que aponta para o caminho, é o canal por onde recebemos a água viva que é o Cristo ressucitado, o modelo mais puro e genuíno de santidade, a primeira cristã da história. Venerá-la com fé e piedade é reconhecer os seus méritos e espelhar-se em sua vida, para sermos discípulos mais fiéis ao projeto de Jesus Cristo.
Ó Maria de tantos títulos e nomes, de tantas virtudes e glórias, Rainha do Céu e da Terra, roga por nós junto ao teu amado Filho e ensina-nos e dizer "sim" ao projeto de Deus. Amém!
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