AIDS, PREVENÇÃO E A MORAL DA IGREJA

Abordaremos neste artigo o velho assunto da posição da Igreja sobre o uso do preservativo na prevenção da AIDS tentando responder a algumas perguntas que nos chegam…
Pode a Igreja propor o não uso do preservativo em um mundo que, de maneira geral, não ouve mais a sua voz?
Sim. O dever da Igreja é de anunciar a verdade. O fato do “mundo” rejeitá-la, confirma a necessidade de se afirmar - ainda com mais força- a verdade que a Igreja acredita ser válida para seus filhos e também para todos os homens, mesmo os que não têm fé.
Os homens que não têm fé não são obrigados a acreditar, mas são convidados a refletir e a pensar sobre o assunto,de forma livre.
O que está em jogo são vidas, não é só uma questão dogmática, como se a Igreja quisesse impor sua doutrina “goela abaixo". É uma questão de racionalidade e de bom senso.
"A Igreja não quer admiração, mas respeito”.
A Igreja ao manifestar sua opinião chama o mundo a uma reflexão sobre o assunto e se propõe a trabalhar, como já o faz, para minimizar o drama dos que sofrem por causa desta doença.
Por que a propaganda a favor do uso do preservativo é errada ?
Exatamente porque motiva o uso do preservativo, sem nenhuma advertência de perigos e riscos que ele traz, de rompimento ou mau uso, por exemplo; além de apresentar um forte convite ao desregramento sexual, razão principal do aumento das DST's, dentre elas a AIDS.
A propaganda estimula o comportamento que gera a possibilidade de contaminação pelo vírus.
É fácil constatar isso ao acompanhar os números crescentes de pessoas atingidas pelo vírus HIV em todo o mundo, mesmo com a propaganda massiva de estímulo ao uso do preservativo e da suposta proteção que seu uso ofereceria.
O vírus da AIDS é 450 vezes menor que o espermatozóide, pode passar facilmente pelos póros do látex do preservativo, ou por micro furos, mesmo que se esteja usando o preservativo de “modo adequado.”
Mas não é pequeno o percentual de rompimento ou mau uso do preservativo, por que focar-se tanto na possibilidade do erro, 10% e não ficar com os 90% de acerto?
Faça essa pergunta a quem, por causa dos 10%, pegou AIDS… Quanto mais se é promíscuo, mais aumenta a possibilidade de contágio. O comportamento de risco é compatível com a possibilidade de contágio.
Sem entrar no mérito da questão moral, pode se perguntar a quem crer de forma absoluta na “proteção do preservativo” se a pessoa toparia praticar sexo com uma pessoa com AIDS, mesmo usando a “proteção”.
Mesmo que fosse 100% o percentual de segurança através do uso do preservativo a Igreja continuaria a ser contra, por que a questão não se resume apenas a AIDS, e sua prevenção, mas à educação, a defesa da vida e vida com a qualidade digna da alta vocação que todo homem é chamado a viver.
Além disso, a lei natural determina que existe um vínculo inseparável entre a relação sexual e a transmissão da vida; romper artificialmente essa união, como acontece no uso do preservativo, mesmo entre pessoas casadas, diga-se de passagem, representa uma grave infração dessa lei natural..
Mas a propaganda não tem uma motivação boa, que é evitar que a doença se propague?
Sim, a intenção é excelente, porém o evitar o pior não nos dá licença para apoiar o que é perigoso e errado. O fim não justifica o meio. Estimular a promiscuidade é péssimo em qualquer situação.
O que seria o correto então na prevenção da AIDS?
Que se diga a verdade em relação à suposta proteção absoluta do preservativo, afirmando o percentual de risco que existe, para não alimentar o falso senso de segurança que a propaganda quer fazer crer. Neste aspecto, não se deve falar de sexo seguro porque não é condizente com a verdade objetiva. Existe, sim, a possibilidade de falhas, mesmo que a pessoa não queira crer nisso.
Que se eduque para a fidelidade mútua dos esposos, para a castidade entre os jovens e que não se apresente a promiscuidade como isenta de responsabilidade moral.
O sexo vivido segundo a ordem natural e a vontade de Deus defende o homem de sua frivolidade e preserva seu auto respeito, além de protegê-lo da Aids e de outros males..
O uso do preservativo não é a única maneira, mesmo de forma parcial como sabemos, de se evitar a AIDS.
Esta expectativa da Igreja, de uma educação para o amor, não é fora da realidade?
Se quisermos resolver de fato o problema, precisamos educar para o amor! A Igreja defende já há 2 mil anos a posição de que a educação baseada nos valores é a que de fato funciona plenamente.
A Igreja defende essa posição porque essa posição é a condizente com a alta vocação que o homem é chamado a viver, independente de ser católico ou não.
É a dignidade do ser humano chamado a viver com racionalidade, bom senso e auto-respeito sua afetividade e o saudável exercício de sua sexualidade.
A Igreja não deveria impôr esses argumentos morais apenas para seus fiéis?
A Igreja não impõe, nem mesmo aos seus fiéis seus argumentos, mas orienta e propõe a direção que ela acredita ser a direção de seu Senhor e Mestre.
Para aqueles que não têm fé, a Igreja convida à reflexão e procura apresentar um outro lado da questão, mesmo correndo o risco de ser criticada por sua posição Essa crítica é ouvida, embora, claro, a Igreja se reserve no direito de defender sua posição.
“Os argumentos de ordem moral não são insignificantes nem racionalmente infundados. Trata-se de compreender o significado antropológico da sexualidade humana, como dimensão da pessoa e chamado à comunhão interpessoal, ao dom recíproco de um homem e de uma mulher à elaboração comum de um projeto de vida, destinado a durar no tempo, aberto a gerar filhos e a educá-los, gerando, ao mesmo tempo, uma história em ambientes de afetividade e de solidariedade recíproca, na responsabilidade partilhada diante da vida, nas diferentes circunstâncias”(Carta aberta da CNBB).
Por que a Igreja é contrária a distribuição de preservativos em Escolas públicas?
“Porque tal programa sugere aos jovens a legitimação de hábitos questionáveis no exercício de uma sexualidade precoce, cujas conseqüências podem ser prejudiciais à correta educação e formação da personalidade e do comportamento moralmente e socialmente responsável, o que deveria ser um dos objetivos de qualquer projeto educativo" ( Carta aberta da CNBB).
Além disso, a educação afetiva e sexual é dever e direito dos pais. A propaganda maciça e a distribuição gratuita interferem de forma abusiva no exercício livre do pátrio poder.
Trata-se de uma orientação governamental em escolas que deveriam se preocupar com o crescimento integral da pessoa e não irresponsavelmente distribuir preservativos a jovens que estão iniciando sua vida afetiva e precisam de orientação pessoal e personalizada, em assunto tão delicado e sagrado, daí não ser justo retirar dos pais esse direito e esse dever.

Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/

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