REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Lc 23, 1-49 - DOMINGO DE RAMOS - ANO C


-NOTAS PARA A COMPREENSÃO DO TEXTO:

-Pilatos também entrou no Credo e no drama da Paixão: sorte ou infortúnio?

-PILATOS (Pôncio Pilatos) – A palavra “pilatus” vem do Latim e significa “cabeludo”.

-Era Procurador Romano (o representante do imperador de Roma na Judeia) no período de 26 a 36 da Era Cristã...

- Não se entendia com o povo judeu e, muitas vezes, bancou o tirano e ofendeu os sentimentos religiosos deles. Chegou a mandar fazer um aqueduto (encanamento de água) com o tesouro do templo. Antipatizava, sobretudo, os galileus. Ao desconfiar de que um grupo deles tramava conspiração contra ele dentro do templo, mandou assassinar a todos eles, que estavam oferecendo sacrifícios.

- Foi juiz no processo de Jesus. O Sinédrio pronunciou a condenação e Pilatos ratificou-a, mas de maneira sorrateira, covarde (“lavou as mãos”). Condenou Jesus, “ao arrepio da Lei” em bom jargão do Direito, traiu a Justiça para manter-se no seu posto. Assim, chegou a entrar na oração do Credo e como personagem do drama da Paixão, para sua sorte ou infortúnio?...

-O DRAMA DA PAIXÃO: A história do julgamento, flagelação e morte de Jesus mostra o requinte de sofrimentos a que se submeteu Jesus. Como se não bastasse morrer por nós, Ele quis se submeter a um suplício reservado aos escravos por ser tão humilhante (a crucificação). Parece que Cristo quis passar, conscientemente, por todos os tipos dos grandes sofrimentos, como se quisesse deixar a lição para todos os que sofrem. Padeceu o sofrimento moral da traição por parte de dois amigos: Judas e Pedro. Sofreu principalmente pela traição de Pedro, seu companheiro de todas as horas. Suportou ouvir o grito “Crucifica-o” da mesma multidão que o tinha aclamado “Rei” poucos dias antes. Passou pelo sofrimento psicológico de ter como que uma visão de todos os pecados humanos, que o fez suar sangue no Jardim das Oliveiras. Foi entregue ao furor de uma fria soldadesca, acostumada a flagelar com toda a frieza, incluindo-se na sessão de torturas a brincadeirinha de trajá-lo de “rei”. Percorreu as ruas apinhadas de Jerusalém com a cruz às costas diante das pessoas que tinham recebido o favor dos seus milagres ou queo tinham aclamado sinceramente como “rei”. Sofreu, vagarosamente, as agonias da morte, com um letreiro cheio de zombaria em cima da sua cabeça.

-AS TRAIÇÕES DE JUDAS E PEDRO:  Reportamo-nos ao que diz o insigne biblista  Frei Clarêncio Neotti , OFM – Ano B  - pag. 94.

Pedro e Judas traíram feio a Jesus. Traições, que, com certeza, ofenderam fortemente a Jesus, visto que eles eram amigos do peito, comensais até na última ceia; eles que tinham visto os milagres de Jesus. Pedro chegou a andar sobre as águas. Pedro traiu por “medo e orgulho”; Judas, por “decepção e orgulho”. Com certeza, a traição de Pedro foi mais grave, porque ele tinha sido escolhido para representar o próprio Cristo perante a Igreja e porque ele o negou três vezes. Entre os dois há, porém, uma enorme diferença: Pedro se arrependeu. Os evangelistas são testemunhas informadoras das lágrimas de Pedro. O afamado romance “Quo Vadis?” conta que, toda vez em que Pedro  contava os episódios da Paixão para os primeiros cristãos, lágrimas abundantes caíam dos seus olhos. Lição para nós: não há culpa tão grande que não possa ser perdoada, se sobrevém o arrependimento.

-CONCLUSÕES:

O exemplo de Pedro, que chegou a puxar a espada no Jardim das Oliveiras e cortar a orelha do soldado romano Malco, num surto de inesperada coragem, deve pôr as nossas barbas de molho para não trairmos a Jesus também. Mas Pedro, o mesmo Pedro, é exemplo para nós no arrependimento, que foi vasto e copioso. Lembrarmo-nos de que, se nossa ruindade é imensa, a misericórdia de Deus é infinita. NÃO HÁ CULPA TÃO GRANDE QUE NÃO POSSA SER PERDOADA. O IMPORTANTE É NÃO SEGUIR O EXEMPLO DE JUDAS.

Por Francisco Valmir Rocha - Animação Bíblica de Camocim/CE

Nenhum comentário :