Como entender esse arrefecimento da juventude em sua
vivência cristã?! É notório que hoje se prefere muito mais uma religião
invisível de pouca prática, sem adesão total ou ainda um mosaico religioso com
pedaços de todo o tipo de religião. O doc. 62 intitulado “Missão e Ministério
dos cristãos leigos e leigas” já nos alerta:
“Há uma procura pelo sagrado, pelo transcendental, mas
numa outra perspectiva. Infelizmente, essa procura pela religião hoje está
atrelada ao imediatismo e a uma realização pessoal. “Experimenta-se uma ou
outra religião, em busca daquela que me satisfaça”.
Em primeiro lugar, é preciso perceber que estamos vivendo
uma profunda crise de paradigma civilizacional, que nos impele a um constante
“aggiornamento” = “atualização”, um redimensionamento de nossas ações e de
nossa própria visão de mundo. Nesse ínterim, é indispensável repensar a nossa
linguagem, a nossa ação pastoral e a nossa maneira de entender o rosto dos
jovens neste mundo em constante mudança. O discurso tradicionalista, impositivo
e moralista de outras épocas não consegue mais responder aos novos
questionamentos e desafios da contemporaneidade. Isso é fato!!
A Igreja, fechada em si mesma durante séculos, abre-se a
partir do Concílio Vaticano II ao diálogo com as novas formas de pensar, de
entender o mundo e a modernidade (embora forças internas ainda teimem em
reconduzi-la ao enquadramento dos séculos passados). Porém, há de se observar que, apesar da
abertura pós-conciliar, no que se refere ao protagonismo juvenil, pouco
avançamos. Fomos perdendo gradativamente
a capacidade de atrair e conquistar os nossos jovens, proporcionando a eles a
possibilidade de terem um encontro pessoal com o jovem de Nazaré, Jesus Cristo.
A própria fragmentação da família e das grandes instâncias sociais, contribuiu,
sobremaneira, para que a juventude perdesse os grandes referenciais que
norteavam a sua vida.
Vivemos hoje o apogeu das diferentes “tribos urbanas”,
fenômeno social dinâmico e complexo, que teve início nos grandes centros e hoje
já é uma realidade nas pequenas cidades. Cada uma dessas expressões traz
consigo hábitos e valores culturais diversos, que precisam ser entendidos e
respeitados em nossa ação evangelizadora. Geralmente, o caráter contestador, a
apatia, o desleixo e a própria anarquia que percebemos nesses grupos são formas
de contestação. Não se trata apenas de um modismo, mas de um estilo de vida,
uma resposta a essa cultura de morte que despersonaliza e massifica os jovens.
O Evangelho sempre será uma novidade perene em nossas
vidas. Transmiti-lo de uma forma nova e dinâmica é que é o grande desafio. Os
jovens precisam encontrar em nossos templos um ambiente acolhedor, em nossos
pastores uma voz de esperança para que possam ser, de fato, sujeitos de sua
história.
Por César Augusto Rocha – Equipe de Comunicação do CNLB
Nenhum comentário :
Postar um comentário