REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Lc 2, 16-21 - FESTA DA SANTA MÃE DE DEUS - ANO B

-NOTAS PARA A COMPREENSÃO DO TEXTO:

-OS PASTORES – Os pastores, cuja imagem nós podemos ver ainda hoje na figura dos beduínos que encontramos nos desertos da Palestina, eram pessoas que conduziam seus rebanhos de pasto em pasto, de aguada em aguada, como pessoas nômades.

Logo depois da estação das chuvas, havia muita pastagem e água fácil na Palestina. Depois, ir se distanciando e chegar longe. Então, não compensava voltar para a aldeia todo dia, e os pastores ficavam no campo, tendo que vigiar durante a noite(...) Nesses momentos, para espantar o frio e as feras, acendiam uma fogueira. Foi aí que os foram encontrar os anjos na noite do Nascimento.

“Os pastores eram, em geral pobres e, até certo ponto renegados, que os “respeitáveis” consideravam ignorantes e sujos.” (Dianne Bergant e Robert J. Karris em “Comentário Bíblico” – pag 77). Por causa da sua vida arredia e seminômade, que impedia de marcar presença no templo, os pastores eram desprezados pelos “piedosos” freqüentadores do templo e eram classificados como “p ecadores”.

-CIRCUNCISÃO – A circuncisão era uma cerimônia religiosa seguida por judeus e muçulmanos, que consistia, fundamentalmente, em cortar a prega que cobre a extremidade do pênis (o prepúcio).

Ela era praticada desde o tempo da pedra lascada. Sabemos que, naqueles tempos remotos, a pedra é que servia de faca. Pelo exame das múmias, sabemos que a circuncisão era praticada no Egito desde o Antigo Império e foi, provavelmente, com os egípcios que os judeus aprenderam.

A circuncisão era uma cerimônia que se fazia para marcar a passagem do homem da adolescência para a idade adulta. Entre os judeus, ela se fazia, porém, logo no oitavo dia do nascimento para seguir o que ordenava o Levítico (12,30), que dizia: “No oitavo dia, circuncidar-se-á o prepúcio do menino...” Quem praticava a circuncisão era o pai do menino e era nesse momento que se lhe dava o nome.

-OS PASTORES MERECERAM RECEBER O PRIMEIRO CONVITE DE JESUS MENINO:

No episódio do nascimento de Jesus, chama-nos a atenção o convite especial e solene feito por Deus aos pastores nos primeiros momentos do nascimento do seu Filho, enquanto os Reis Magos, representantes dos pagãos, recebem um convite indireto de Deus através da estrela-guia e a cúpula judia recebe o convite já através dos Reis Magos. Para os pastores um anjo é destinado como embaixador da mensagem de Deus. É que os pastores, classe desprezada, estavam entre aqueles que mais necessitavam do Messias e esses eram os prediletos do Senhor.

A pressa com que partiram para a gruta de Belém retrata, em resposta, a satisfação dos pastores, que receberam o convite especial do Rei. A vibração em anunciar a novidade do nascimento do Menino contagiava a todos que os ouviam (“E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam.”). O entusiasmo que tomava conta dos pastores ao contarem a risonha ocorrência fez deles “os primeiros anunciadores da Boa Nova do Evangelho.”

-“Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração.”

Prendem-nos a atenção a humildade e o silêncio de Maria diante dos fatos estupendos que se passavam dentro de suas entranhas, mas a expressão “guardava todos esses fatos” estava muito longe de indicar uma passividade. Quem explica isso é Frei Clarêncio Neotti OFM in “Ministério da Palavra” – Ano A – PAG. 36. “Guardar” aqui não tem o mesmo sentido de quem guarda “uma coisa na estante, no arquivo, na geladeira. Significa transformar o que se ouviu em comportamento da gente, em fé prática. A língua portuguesa tem um verbo bonito para expressar isso: ‘vivenciar’. Esta passagem tem o mesmo sentido de Lucas 8,21, quando Jesus faz um grande elogio à sua mãe dizendo: ‘Minha mãe é aquela que ouve a palavra de Deus e a põe em prática.’”

-REFLEXÕES:

-Observando a predileção divina pelos pastores, notemos que Deus não se subordina às nossas convenções sociais. Ele não considera a riqueza da pessoa, o preparo intelectual, a posição social, mas a simplicidade, a humildade, a confiança daqueles que se entregam a Ele como crianças. O Pe. Nilo Luza, na sua coluna-laranja do jornalzinho “O Domingo” de 21.12.2008, diz que as pessoas escolhidas por Deus “normalmente são pessoas simples e pobres com um coração grande e generoso.”

-Vamos ter a coragem de Maria para dizer o nosso “sim” a Deus no meio do nosso trabalho na comunidade, mesmo que ele seja difícil. De modo geral, a nossa coragem é pequena, hesitante ou de momento. Comprometemo-nos, às vezes, acenamos com a cabeça no meio da roda que planeja um empreendimento, mas na hora de arregaçar as mangas, ficamos de fora.

Por Franciso Valmir Rocha - membro da Pastoral Bíblica de Camocim/CE

2 comentários :

gilzane disse...

Sou ministra da Palavra,e da comunhão esta reflexão me ajudou muito, a tirar algumas dúvidas que tinha sobre os pastores.

vali maria soteli disse...

Maravilhoso comentário. Somos abençoados a receber informações tão necessários para nossa vida individual, familiar, social e comunitária. Um feliz e abençoado 2016