REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Mt 5, 38 - 42 - 7º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A

-NOTAS PARA COMPREENSÃO DO TEXTO:

LEI DE TALIÃO – A palavra “talião” não é nome próprio. Não é o nome de alguém que possa ter inventado ou promulgado essa lei. Mas “talião” vem da palavra latina “talis=tal”, que caracteriza rigorosamente a ofensa cometida. Portanto, ela não tem a inicial maiúscula.

No primeiro momento, pensa-se que a lei de talião vem emprestar mais violência ao ato cometido (olho por olho, dente por dente). Ela veio foi refrear o ânimo exacerbado da pessoa ofendida, que queria vingar-se desmesuradamente. Veio situar a pena dentro dos limites justos(...)

Da palavra “talião” veio “retaliação”, que é o que acontece nos tribunais superiores, quando uma nação ofende outra nação, como acontece na OMC-Organização Mundial do Comércio.

-TRÊS MENTALIDADES DIFERENTES:

Poderíamos ouvir, ao calor de certos crimes violentos cometidos hoje, os desabafos seguintes, partidos de três mentalidades diferentes:

-Eu quero é vingança;

-Eu quero é que ele apodreça na cadeia;

-Eu quero que ele se retrate e se converta.

O primeiro desabafo é um desabafo selvagem, que extravasa os limites da lei de talião e o mais distante de um espírito cristão.

O segundo parte de alguém que confia na justiça comum.

O terceiro é o mais sábio, o mais eficaz e o mais dentro do espírito cristão.

-“Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.”

Significa dizer: “O que é que nós, cristãos, estamos fazendo a mais no momento atual?”

Sabemos que o que Cristo nos pede no evangelho de hoje é muito difícil para os tempos violentos que estamos vivendo. Alguns até que são afáveis e dão sinais de misericordiosos, mas, na hora em que tocam em um fio de cabelo seu ou seqüestram o seu filho, os nervos alvoroçam e nem a lei de talião nem as punições da justiça conseguem aplacar a sede de vingança do ofendido. Antes de apresentar de chofre as palavras do evangelho a esses nossos irmãos, teríamos de acenar a eles com essas máximas:

1 – VIOLÊNCIA ATRAI VIOLÊNCIA: A experiência nos mostra a veracidade dessa máxima. Nós temos casos de rivalidades, ou melhor dizendo, “rixas entre famílias”, em certas regiões do nosso país, que se perpetuam por anos, décadas ou mais, enchendo de rancor e dissabor todos os membros, mesmo os inocentes, das famílias envolvidas, e que se eternizarão no tempo, se algo não embargar o progresso da mentalidade.

2 – ODIAR O PECADO, MAS AMAR O PECADOR – Essa máxima saiu da pena genial de Santo Agostinho, que, além de ser santo, foi um gênio; e data dos longínquos anos 400 da nossa era.Ela representa um passo gigantesco de persuasão diante da atmosfera agressiva que prevalecia naquelas priscas eras. Essa máxima nos remete à realidade da fraqueza humana. Ela vem nos dizer que aquela pessoa carecida do meu perdão poderá ser eu em outro vaivém da vida.

E depois com estas imagens adoráveis, que nos persuadem por si mesmas:

- A IMAGEM ADORÁVEL DO PAI DO CÉU, mostrada por quem mais o conhece, que é Jesus, na parábola do Filho Pródigo, na pessoa daquele pai que espreitava dos terraços da sua casa as voltas do caminho por onde tinha partido o filho, na esperança de sua volta. Também salta aos olhos a tolerância do Deus que faz brilhar o sol e cair a chuva nos roçados do justo e do injusto.

-O COMPORTAMENTO DE JESUS: Ele “recebe o beijo traidor de Judas, e o chama de amigo (Mt 26,50); é negado por Pedro, e não lhe tira a chefia (Jo 21,15-17); é abandonado pelos apóstolos, e reparte com eles o dom de santificar e salvar (Jo 20,21-23); é pregado na cruz, e perdoa os algozes (Lc 23,34). E nos ensina a oferecer a outra face, quando alguém nos bate numa (Mt 5,39)”. Vide Frei Clarêncio Neotti in Ministério da Palavra – Ano A – Pag. 62.

- REFLEXÕES:

- O que pensar do tratamento observado entre os membros das diversas igrejas? Vamos apresentar as “cristãs”, que têm a obrigação de imitar “o Cristo”. Será que Jesus aprova o zelo desmedido que aprova a intolerância e a discriminação entre os seus membros?

Por Francisco Valmir Rocha - Membro da Pastoral Bíblica de Camocim/CE


Nenhum comentário :