"A prática e a pregação de Jesus mostram que seu projeto, entendido como expressão da vontade do Pai, visava à superação de todas as divisões sociais e religiosas da sociedade judaica de seu tempo. Suas atitudes chegavam a escandalizar porque vivia a comunhão com pessoas consideradas de má companhia. O Evangelho aponta para uma convivência humana de justiça, amor, fraternidade, co-responsabilidade e igualdade(...) A epístola aos Hebreus ainda nos recorda: ‘Se Jesus estivesse na terra nem mesmo sacerdote seria, porque já existem sacerdotes’(8,4). Na perspectiva do Antigo Testamento, Jesus é antes leigo que sacerdote, porque, como novamente diz a epístola aos Hebreus, ‘é notório que Nosso Senhor nasceu em Judá, a cuja tribo Moisés nada disse a respeito do sacerdócio’(7,14). Os ideais igualitários e comunitários foram percebidos pelos primeiros cristãos. Nos Atos dos Apóstolos constatamos o ensaio de uma comunidade que colocava tudo em comum, que não havia introduzido nenhuma separação nem distinção, porque os fiéis eram um só coração e uma só alma e juntos viviam e testemunhavam a novidade do Evangelho (cf. At 2, 42-45; 4,32-35).”(Boff, 1998)
Este é um desafio, enquanto leigos e leigas, superarmos as dicotomias e divisões e avançarmos no Seguimento de Jesus Cristo, aprendendo e praticando “as bem aventuranças do Reino, o estilo de vida do mesmo Jesus Cristo: seu amor e obediência filial ao Pai, sua compaixão diante da dor humana, sua aproximação com os pobres e pequenos, sua fidelidade à missão recebida, seu amor serviçal até o dom de sua vida. Hoje, contemplamos a Jesus Cristo tal como nos transmitem os Evangelhos para conhecer o que ele fez e para discernir o que nós devemos fazer nos dias de hoje." (DA,139)
É o que também nos recorda a afirmação de Paulo: "Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo” (Fl. 2,5). Também a Gaudium et spes, 22, ajuda-nos a entender nossa profissão de fé em Jesus Cristo: "trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana, amou com coração humano. Nascido da Virgem Maria tornou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado”.
Ser discípulo e seguir a Jesus é viver a experiência do trabalho, ter compaixão do povo, solidarizar-se com as multidões, assumir suas dores, criticar seu abandono e dá a vida por suas ovelhas. (Mc 6,1-6; 3,14; Lc 10, 2-12; Jo 1, 38-39). Ser discípulo e seguir Jesus é assumir o anúncio do Reino aos pobres e que a salvação se faz presente na mudança de situação real de vida operada na ação evangelizadora e libertadora de Jesus (Paulo VI, Evangelii nuntiandi n.30; Lc 4, 16-21; Mt 11,2-6).
É nosso desafio hoje atualizar essa ação evangelizadora e libertadora de Jesus apoiando as lutas pela defesa da vida em todos os campos, seja dos sem terra, dos sem teto, dos desempregados, dos abandonados pelo Estado e, muitas vezes, pela própria Igreja, sendo solidários com os rostos sofredores do povo de rua, dos migrantes, dos doentes, dos dependentes químicos, dos presos, indo às ruas, praças e cidades, sem medo e sem vergonha, empunhando nossas bandeiras, sendo profetas "bocudos, zóiudos e oreiúdos", pois, como "discípulos e missionários somos chamados a contemplar, nos rostos sofredores de nossos irmãos e irmãs o rosto do Cristo que nos chama a servi-lo nele" (DA 393, Puebla, 31-39, Santo Domingo, 179), pois “a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza” (DA, 392)
Jesus é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo. 14,6) um caminho de conflitos, confrontos e de posicionamento contra a ideologia dos dominantes que impede a possibilidade da vida florescer (Mc 8, 22 – 11,8) e, seguir a Cristo é fazer a escolha que ele fez, é viver a espiritualidade da cruz, assumindo-a até as últimas conseqüências, inclusive, fazendo o que Jesus fez: dar a vida por suas ovelhas.
Eis, pois, a missão do laicato, descrita pelo Concílio Vaticano II, que fala positivamente do leigo e da leiga, dando ênfase ao Batismo, ou seja, chamando-os a evidenciar a missão comum de Cristo, da sua constituição como povo de Deus, santificando o mundo com sua vocação própria, a modo do sal e do fermento dentro do tecido humano da sociedade e participa a seu modo da função profética, sacerdotal e real de Cristo. (Doc 61 CNBB, 11-12).
Como leigos e leigas, saibamos responder ao Seguimento de Jesus e continuar sua prática no nosso tempo, na realidade em que vivemos.
Por Marilza Lopes Shuína - Vice-presidenta do CNLB
Este é um desafio, enquanto leigos e leigas, superarmos as dicotomias e divisões e avançarmos no Seguimento de Jesus Cristo, aprendendo e praticando “as bem aventuranças do Reino, o estilo de vida do mesmo Jesus Cristo: seu amor e obediência filial ao Pai, sua compaixão diante da dor humana, sua aproximação com os pobres e pequenos, sua fidelidade à missão recebida, seu amor serviçal até o dom de sua vida. Hoje, contemplamos a Jesus Cristo tal como nos transmitem os Evangelhos para conhecer o que ele fez e para discernir o que nós devemos fazer nos dias de hoje." (DA,139)
É o que também nos recorda a afirmação de Paulo: "Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo” (Fl. 2,5). Também a Gaudium et spes, 22, ajuda-nos a entender nossa profissão de fé em Jesus Cristo: "trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana, amou com coração humano. Nascido da Virgem Maria tornou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado”.
Ser discípulo e seguir a Jesus é viver a experiência do trabalho, ter compaixão do povo, solidarizar-se com as multidões, assumir suas dores, criticar seu abandono e dá a vida por suas ovelhas. (Mc 6,1-6; 3,14; Lc 10, 2-12; Jo 1, 38-39). Ser discípulo e seguir Jesus é assumir o anúncio do Reino aos pobres e que a salvação se faz presente na mudança de situação real de vida operada na ação evangelizadora e libertadora de Jesus (Paulo VI, Evangelii nuntiandi n.30; Lc 4, 16-21; Mt 11,2-6).
É nosso desafio hoje atualizar essa ação evangelizadora e libertadora de Jesus apoiando as lutas pela defesa da vida em todos os campos, seja dos sem terra, dos sem teto, dos desempregados, dos abandonados pelo Estado e, muitas vezes, pela própria Igreja, sendo solidários com os rostos sofredores do povo de rua, dos migrantes, dos doentes, dos dependentes químicos, dos presos, indo às ruas, praças e cidades, sem medo e sem vergonha, empunhando nossas bandeiras, sendo profetas "bocudos, zóiudos e oreiúdos", pois, como "discípulos e missionários somos chamados a contemplar, nos rostos sofredores de nossos irmãos e irmãs o rosto do Cristo que nos chama a servi-lo nele" (DA 393, Puebla, 31-39, Santo Domingo, 179), pois “a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza” (DA, 392)
Jesus é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo. 14,6) um caminho de conflitos, confrontos e de posicionamento contra a ideologia dos dominantes que impede a possibilidade da vida florescer (Mc 8, 22 – 11,8) e, seguir a Cristo é fazer a escolha que ele fez, é viver a espiritualidade da cruz, assumindo-a até as últimas conseqüências, inclusive, fazendo o que Jesus fez: dar a vida por suas ovelhas.
Eis, pois, a missão do laicato, descrita pelo Concílio Vaticano II, que fala positivamente do leigo e da leiga, dando ênfase ao Batismo, ou seja, chamando-os a evidenciar a missão comum de Cristo, da sua constituição como povo de Deus, santificando o mundo com sua vocação própria, a modo do sal e do fermento dentro do tecido humano da sociedade e participa a seu modo da função profética, sacerdotal e real de Cristo. (Doc 61 CNBB, 11-12).
Como leigos e leigas, saibamos responder ao Seguimento de Jesus e continuar sua prática no nosso tempo, na realidade em que vivemos.
Por Marilza Lopes Shuína - Vice-presidenta do CNLB
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