REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Lc 18, 9-14 - 30º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C

TEMA: A Oração tem que ser humilde

Notas para compreensão do texto

OS FARISEUS eram membros de um partido religioso que se dedicavam ao cumprimento da Lei Mosaica e das tradições dos antepassados.

O que marcava o fariseu era o apego às exterioridades. Eles tinham nada menos que 265 mandamentos e 365 proibições a cobrar do povo. Exterioridades como estas. No dia de sábado, o dia santificado, uma pessoa só podia andar 2000 passos (“uma jornada de sábado”)(...)

Se uma casa caísse sobre alguém, a vítima podia ser deixada lá dentro, se pudesse sobreviver até o dia seguinte. (Veja “Usos e Costumes dos Templos Bíblicos” de Ralph Gower – pag . 354). Mas, enquanto se aferravam a essas superficialidades, o coração estava distante. Discriminavam e desprezavam os que, até por força da própria profissão, como os pastores e os curtidores de couro, não tinham condição de cumpri-las. Tratavam-nos como “pecadores” e condenavam até os que os visitavam. Entretanto, sentiam-se grandes merecedores de Deus, buscando os primeiros lugares em tudo e alardeando suas ações no templo.

OS PUBLICANOS – Na linguagem dos dias de hoje, podemos dizer que os publicanos eram os funcionários públicos que cobravam os impostos nos tempos de Cristo. Quando as mercadorias entravam em Israel, eram cobrados impostos sobre elas, como acontece ainda hoje com o imposto de importação. Como nos tempos de Cristo Israel estava sob o domínio de Roma, as taxas eram cobradas sistematicamente pelos romanos. Mas elas não eram cobradas por funcionários romanos. Sagazmente, Roma arrendava-as a terceiros, os publicanos. Como as taxas, às vezes, eram cobradas acima do que Roma exigia, acrescentava-se aí mais um motivo da odiosidade dos publicanos. Só que nem todos eram desonestos.

O VALOR DE NOSSAS AÇÕES E A RESPOSTA DE DEUS A ELAS

-As ações humanas, por mais heróicas que sejam, não têm merecimento diante de Deus.

-Ora, o fariseu apresentou o seu jejum duas vezes por semana e o dízimo de toda a renda dele. De fato, ele não mentiu.”Os fariseus faziam um jejum severo duas vezes por semana, às segundas e às quintas-feiras, para o bem de toda a nação (de Israel). E não há razões para duvidar de que ele pagava o dízimo” (Vide “Comentário Bíblico” de Dianne Bergant e Robert J, Karris – pag 99). Só que o fariseu se posicionou na altura de Deus e achava que as suas ações tinham merecimento por si mesmas.

-A mesma coisa acontece conosco ainda hoje quando apresentamos a Deus uma ação como moeda de troca para conseguir dele um milagre.

Por outro lado:

-Se temos alguma coisa de nós que pode ser apresentada a Deus são as nossas misérias ou a confissão de nossa nulidade.

-Ora, o publicano batia no peito dizendo: “Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador! “ Agindo assim, ele reconhecia o seu lugar com relação a Deus.

-A nossa oração também hoje deve ser humilde, com as mesmas disposições do publicano, mostrando as chagas, nosso estado de penúria, ciente de que o Pai está presente e nos vê.

A PARÁBOLA DO FARISEU E DO PUBLICANO É DIRIGIDA AOS ORGULHOSOS

O orgulho é o principal obstáculo no nosso relacionamento com Deus. Ele veio aliciar os nossos primeiros pais logo no início da criação. Vide Gn 3,4-6: “A serpente disse então à mulher: não, não morrereis! Mas Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal...a mulher viu...que a árvore era desejável para adquirir conhecimento.”

Jesus, que tanto encarecia a humildade nas suas pregações, estava Ele próprio mantendo uma posição “adoravelmente humilde” diante de seu Pai. Em Mt 11,27-29, Ele diz: “Tudo me foi entregue por meu Pai...(entretanto) tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e “humilde” de coração.”

“A maior de todas as criaturas depois de Jesus foi Maria de Nazaré e, apesar de ser “cheia de graça”, declarou-se a humilde e obediente serva do Senhor (“Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra,”). Vide Frei Clarêncio Neotti in Ministério da Palavra – Ano C – pag 191.

O orgulho também é o maior obstáculo no nosso relacionamento com o próximo. No evangelho de hoje, o fariseu começou bem a sua oração. Foi sincero ao apresentar a Deus o seu roteiro de vida, muito mais rigoroso do que a Lei exigia. Mas se desviou inteiramente quando discriminou e desprezou o seu próximo. Consequência: o publicano voltou para casa justificado e o fariseu, com mais uma mancha na alma.

REFLEXÕES:

-Na nossa roda de círculo bíblico, em que se reúne a Santa Igreja de Deus: pessoas de todas as classes, de todas as cores, de todos os níveis intelectuais, vamos praticar a nossa humildade reconhecendo-nos servos dos outros, apesar de nos terem eles como líder.

FONTE: FRANCISCO VALMIR ROCHA

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