REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Lc 15, 1-32 - 24º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C

NOTAS PARA COMPREENSÃO DO TEXTO:

QUEM ERAM OS PUBLICANOS

Eram como funcionários públicos que cobravam impostos. As províncias subjugadas por Roma, como a Judeia, pagavam impostos a ela. Roma, inteligentemente, não colocava um funcionário romano lá para cobrar os impostos, por causa da odiosidade do cargo. Arrendava o serviço a uma pessoa particular, que cobrava o imposto e junto com ele a sua comissão. Essa comissão dependia da voracidade do publicano. Daí a animosidade dos judeus para com essa classe.

ERAM CHAMADOS DE “PECADORES” E POR ISSO ODIADOS E DISCRIMINADOS PELOS FARISEUS

-Os que não adotavam a Lei Mosaica: os pagãos, os de outra religião(...)


-Os que não interpretavam a lei de acordo com os fariseus – Nesse sentido. Jesus era chamado de “pecador” pelos fariseus.

-Os que viviam notoriamente contrários à vontade de Deus: os adúlteros, as meretrizes, os ladrões, os jogadores de dados.

-Os que tinham profissão considerada indigna: os publicanos e os que tinham contato com elemento impuro (sangue): Os curtidores de couro.

-Os que tinham profissão que os obrigava a viverem longe do templo: os pastores, os vendedores ambulantes, os pescadores (Pedro estava nesse meio).

-Os que frequentavam as casas dos pescadores: nesse caso, Jesus também era tido como “pecador” pelos fariseus.

-Os que tinham defeito físico visível: os cegos, os leprosos.

-Os analfabetos, simplesmente porque não podiam ler a Bíblia.

OS FARISEUS – Eles eram membros de um partido religioso e se dedicavam ao estudo e cumprimento da Lei Mosaica e das tradições dos antepassados.

O que marcava o fariseu era o apego e o valor que davam às exterioridades. E o pior é que cobravam do povo o cumprimento dessas práticas, discriminando e desprezando aqueles que, por qualquer motivo, (por exemplo a profissão que tinham) não as observavam.

MESTRE DA LEI – DOUTOR DA LEI – ESCRIBA

-“Escriba”, nome que quer dizer “escrevente”, era aquele judeu que se ocupava a copiar a mão os manuscritos sagrados da Bíblia, já que a imprensa ainda não havia sido descoberta. E, pelo ato repetitivo de repassar as letras sagradas, ficavam peritos nas Sagradas Escrituras. Como as leis que regiam o povo judeu estavam inseridas na Bíblia, os escribas tornavam-se também verdadeiros advogados.

Eles tinham um ponto em comum com os fariseus: a religião para eles consistia só em práticas exteriores desligadas do coração.

RIGORISMO FARISAICO X MISERICÓRDIA DO PAI DO CÉU REVELADA POR JESUS

Os publicanos e os escribas, cobrando práticas exteriores de religião às classes mais humildes, acabaram se tornando uma carga pesada para eles. Esses mesmos sentiram, então, um alívio buscando Jesus, aquele Jesus que tinha coragem de procurar com amor uma só ovelha perdida. Cristo vai mais além: revela para eles uma coisa maravilhosa que eles nunca tinham sabido aos pés dos Mestres da Lei – o coração misericordioso do Pai do Céu. Jesus conta a parábola do Filho Pródigo, com certeza a mais bonita e comovente de todas que ele contou. Nela o Pai do Céu é como um pai que sentia saudades do filho mais novo desde que partira e que, ao avistá-lo aproximando-se de casa, vai ao seu encontro e abraça-o sem deixar que ele termine as frases que tinha decorado para dizer. Vemos, então, neste evangelho o embate destas duas atitudes: de um lado a frieza e esterilidade das práticas farisaicas, de outro a misericórdia de Deus mostrada tão sensivelmente por Jesus e que se tornou a marca da Nova Aliança.

A VALORIZAÇÃO DO PECADOR - Jesus frisa, de maneira retumbante, a valorização daquele que se converte. O pastor deixa no redil as 99 ovelhas e vai em busca de uma só que se perdera no deserto. A mulher tinha perdido uma só das moedas de prata que tinha e só por causa dela revira a casa toda e festeja com as amigas a dracma encontrada. É um conforto para o convertido saber que é tão querido por Deus. Isso traz-nos à memória a alegria do bom ladrão ao lado da cruz ao ouvir: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso.” Como é extraordinariamente reconfortante ouvir isso da boca de Jesus! Vem-nos também aqui em mente de que por uma só pessoa Jesus teria coragem de morrer na cruz.

FRANCISCO VALMIR ROCHA

Nenhum comentário :