EVANGELIZAÇÃO QUE ALIENA OU QUE LIBERTA?

Estamos vivenciando na Paróquia de Camocim/CE mais um festejo em louvor ao ilustríssimo padroeiro Senhor Bom Jesus dos Navegantes, evento que se iniciou no dia 12 de novembro e perdurará até o dia 22 do corrente mês. Sem dúvida alguma, um momento intenso de evangelização e revigoramento de todas as forças vivas desta Igreja local. Temos percebido que, a cada ano, acorre uma multidão crescente de fiéis para as celebrações diárias na Praça da Matriz, sedenta da Palavra de Deus e de um encontro pessoal com Jesus Cristo. A grande pergunta é: a nossa evangelização, principalmente nesses momentos de festa, tem suprido as necessidades deste povo, proporcionando crescimento para a vida de fé da comunidade e um comprometimento com o projeto de Jesus Cristo?(...)
Ampliando a nossa reflexão, ultrapassando os limites de Camocim, como tem sido a evangelização em sua paróquia ou comunidade? Que Cristo temos anunciado? Um Jesus Cristo distante da nossa realidade, desencarnado da vida e da problemática humana ou um Cristo libertador, que desafiou todo a estrutura sociopolítica de sua época e nos ensinou a fazer o mesmo?
A evangelização autêntica é aquela que promove o ser humano em todas as suas dimensões, fazendo dele uma célula viva do Reino de Deus no seio da comunidade. Uma vez evangelizado, o cristão precisa irradiar ao seu redor os autênticos valores da vida cristã, hoje tão esquecidos pela sociedade. Ele, através de sua postura e da sua visão de mundo, faz a grande diferença nas discussões e nos debates da vida cotidiana, porque questiona, não se conforma com essa cultura de morte que fere profundamente a dignidade humana. O cristão, que é fruto de uma evangelização transformadora, é um homem novo, profético, consciente de sua fé e portanto, alguém que consegue "ainda" se sensibilizar diante da miséria e da pobreza, que ceifam tantas vidas. Trata-se de alguém que, não reduz o seu cristianismo a uma missa dominical ou a uma prática devocional, mas faz de sua vida também, uma grande celebração eucarística, festim divino nos altares da vida.
A evangelização desenvolve também a nossa cidadania. Por que será que a maioria de nossos pastores não discute essa temática em suas pregações e homilias? A Igreja, em seus documentos e encíclicas, faz um constante apelo pela inserção do leigo/a no mundo da economia, política, cultura e sociedade, como espaços privilegiados de ação evangelizadora. Será que estamos cumprindo essas diretrizes? Como vai a articulação, a nível diocesano, dos grandes eventos anuais propostos pela CNBB, nesta linha sociotransformadora, tais como:
Semana da Cidadania, Grito dos Excluídos, Semana da Solidariedade, Romarias, Fóruns Sociais, Campanhas de iniciativa popular etc? E o que é pior, que apoio tem sido dado as pastorais e movimentos que trabalham nessa linha? Por exemplo, que motivação tem-se dado as CEB's?
A opção pelo povo e pelos pobres é o lugar social natural dos cristãos. Quando pensamos no aumento gradativo da miséria e da exclusão social, no tráfico de drogas em nossas cidades, na grilagem de terras, nos índices alarmantes de violência além de outros problemas atuais, nos questionamos sobre a inércia de algumas igrejas e instituições. Será que acreditamos de fato na proposta de Jesus, que supera toda forma de injustiça e exclusão? É preciso ter um "coração pascal", que acredita na validade permanente da utopia, na certeza de que o "Reino"sempre avança, apesar da incredulidade de muitos.
Ainda existem profetas hoje e eu particularmente os admiro! Pena que algumas de nossas lideranças, não conseguem vê-los com os mesmos olhos e não descobriram o verdadeiro sentido da evangelização.

CÉSAR AUGUSTO ROCHA

Um comentário :

CEBS - SE AVEXE NÃO! disse...

Companheiro, Olá,
hoje resolvi comentar sobre esta matéria. No meu pobre ponto de vista, penso que esta é uma das maiores festas cristãs de nossa cidade, no entanto sei também que esta não é uma das grandes prioridades da igreja em camocim.(o que é lamentavél!) A relevância deste evento "é sempre pré-julgada" e colocada meramente de forma cultural, despachando e deixando na subjetividade sua real importância, e isso me leva a questionar a maneira como se pensa a evangelização quando se escolhe prioridades e quando elas não se cumprem. Não me refiro a prioridades de grupos e movimentos pastorais, me refiro ao que se coloca em nivél maior. O tema da festa é sugestivo e sumamente importante e nescessário!! mas será que ele vai ser trabalhado a exemplo dos outros(irônia)? ou ficará na retórica a exemplo dos outros(verdade)?. Na grande fila dos esquecidos e mal trabalhados podemos elencar várias outras situações, entituladas com as primazias da fé, mas que ficam apenas em um solone blablá enfaticamente a própria campanha da fraternidade explica o tudo e o nada.
caso o "normal" aconteça será demagogia ou algo bem parecido

"Meu Deus como escutamos seu santo nome em vão!!!! valeu companheiro pela luz, espero que não seja de lamparina, pois o vento que sopra nos templos são dos gigantes ventiladores de marca "tufão"

Deus nos abençoe!!!!
e como dizia minha falecida vó "nos livre das linguás firinas"
carlos jardel dos santos
CEBs.