REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Jo 6, 24-35 - 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

NOTAS PARA COMPREENSÃO DO TEXTO:

O MESSIAS - A figura do Messias mais pretendida pelo judeu contemporâneo de Jesus era a de um Senhor com poderes temporais que viesse continuar a missão de Moisés, começada triunfalmente no deserto. Era a de um Messias-rei. Seria descendente de Davi. Devia limpar Jerusalém dos pagãos, aniquilar os dominadores estrangeiros. Devia submeter a Israel todos os poderosos da terra. O Leão de Judá venceria até a Águia Romana. Com esse perfil, não se podia conceber a imagem de um Messias aniquilado e exposto às humilhações do Calvário. Isso era o que esperavam os discípulos de Jesus e até mesmo Pedro já naqueles momentos em que Cristo planejava a sua entrada em Jerusalém(...)


A EUCARISTIA, REALIDADE QUE OS JUDEUS, CONTEMPORÂNEOS DE JESUS, NÃO ENTENDIAM - A multiplicação dos pães mexeu com o povo. Foi a coisa mais convincente que Jesus fez para ser procurado. Só que o povo via nele a figura do Messias pretendido, um novo Moisés que lhes fornecesse pão não só numa tarde, mas muitas vezes. Jesus, porém, queria que eles vissem naquela multiplicação dos pães a figura da Eucaristia, o alimento espiritual que nutre não o corpo mas a alma e de maneira permanente. Jesus enfrentava uma ferrenha oposição em seu tempo: os judeus enxergavam sempre o lado material. Viam naquele gesto o fornecimanto de alimento fácil que os dispensasse de trabalhar e plantar. Ficavam sempre "rastejando", como diz Aureliano Diamentino Silveira ("Eu sou o Pão Vivo, pag. 110) na busca dos bens materiais e Jesus procurando deles um voo ao menos hesitante ao mundo espiritual e divino que lhes era oferecido.

OS JUDEUS, NAQUELE TEMPO, PROCURAVAM JESUS PARA TEREM UM PÃO FARTO E FÁCIL; E NÓS, HOJE, QUE PEDIDOS LEVAMOS A ELE?

Percebendo o interesse da multidão, Jesus afastou-se dos lugares públicos e buscou outras regiões. Quando o encontraram em Cafarnaum, os judeus admiraram-se de como Cristo pôde ter chegado lá antes deles. No primeiro momento, até somos levados a admirar essa busca calorosa por Jesus, mas o motivo descoberto por Ele bota em pratos limpos o interesse do povão: o pão. Transportando-nos aos tempos atuais, surpreendemo-nos com o fato de que a maior parte dos pedidos levados a Ele continuam na mesma direção. Pedimos: comida, emprego, cura de doenças (coluna-laranja do jornalzinho de hoje), que vêm dar na mesma.

MAS SERÁ QUE JESUS PROÍBE QUE LEVEMOS A "ELE" NOSSOS PEDIDOS AFLITIVOS PELO PÃO QUE FALTA EM NOSSAS MESAS OU O REMÉDIO E A CURA QUE NÃO ENCONTRAMOS EM NOSSOS HOSPITAIS?

Não e até nos decepcionaríamos com Aquele que chorou vendo o povo desgarrado como ovelhas sem pastor, se não pudéssemos levar até Ele nossas aflições. Só que, em vez do pão que alimenta o dia de hoje, Ele quer que busquemos a própria pessoa dele, que é capaz de estancar essa fome passageira e que nos deixará com a coragem de buscar o pão de cada dia. "Procurai o Reino de Deus e o resto vos será dado por acréscimo."

REFLEXÃO:

O que a Eucaristia tem sido para nós? Será que ela tem saciado a nossa fome de Cristo? Será que ela tem nos tornado mais disponíveis ao outro?

FRANCISCO VALMIR ROCHA

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