
Tomam seu nome a partir de Sadoc, sumo sacerdote do tempo de Salomão. As principais famílias sacerdotais asseguram que dele descendem. Têm sua ideologia. Constituem uma espécie de partido composto pela aristocracia, pelos grupos mais ricos dos sacerdotes e dos civis.
1. São ricos e poderosos
Os saduceus formavam um grupo fortemente organizado no qual não podia entrar quem quisesse: eram "classe separada". Não eram muitos numericamente(...)
No tempo de Jesus pertencem a esse grupo as famílias sacerdotais dirigentes e as principais famílias dos comerciantes da cidade e dos fazendeiros mais ricos do campo. Uns e outros se apoiavam mutuamente, pois seus interesses coincidam. Os chefes dessa aristocracia sacerdotal e leiga ("os anciãos") formavam a maior parte do Sinédrio. Sua influência na política e na administração da justiça na Palestina desse tempo ainda era decisiva.
O sumo sacerdote Caifás (18-37 depois de Cristo) era saduceu (Jo 11, 49; 18, 13-14). Os chefes dos sacerdotes eram em geral saduceus. E esses sacerdotes-chefes eram os dirigentes dos saduceus. Os Atos dos Apóstolos designam os saduceus como os partidários do sumo sacerdote (At 5, 17).
Alguns dessses saduceus "leigos" são os arrendatários dos impostos. Os procuradores e coletores romanos lhes concedem o monopólio da cobrança dos impostos ao povo, com o que conseguem bons lucros, além de defender suas propriedades.
2. CONSERVADORES E FUNDAMENTALISTAS
Eram muito conservadores em matéria de religião. Na doutrina (Mt 16, 12), admitiam apenas a Torá ou Lei de Moisés, que está exclusivamente nos cinco primeiros livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O conjunto desses livros se chama Pentateuco). Eles se atêm estritamente à letra do que esses livros dizem. São, portanto, fundamentalistas. Por isso rejeitam qualquer desenvolvimento posterior dessa doutrina; opõem-se principalmente àquilo que os fariseus ensinam como "doutrina oral", que interpretava essa Lei. Conforme os saduceus, os sacerdotes são os únicos intérpretes da Lei. Não querem que os fariseus "leigos" a interpretem. Também suspeitam dos profetas. Todos eles são fanáticos da observância do sábado.
3. PARA ELES A "SALVAÇÃO" ESTÁ NESTE MUNDO
Como na Torá não se fala da ressurreição dos mortos e da "outra vida", os saduceus não creem nela: isso é uma "novidade". Para eles, tudo termina com a morte: não há ressurreição dos mortos e nem recompensa na vida futura. Não há salvação além da terrena. Neste mundo, "salve-se quem puder!", porque é o homem, e apenas o homem, quem causa a própria felicidade ou desgraça: Deus não exerce qualquer influência sobre as ações humanas.
4. NA POLÍTICA SÃO DE DIREITA
Naturalmente, são muito conservadores no que se refere à política. Interessa-lhes estar bem com os romanos para manter seus privilégios: sua hierarquia sacerdotal no Templo, e a ordem e a paz para que seus negócios prosperem. De fato, fazem coincidir os interesses nacionais com seus próprios interesses. Em poucas palavras: "A pátria está onde está o dinheiro".
Os saduceus não desejavamn nenhuma libertação. Tinham bons motivos para pensar que não precisavam dela. A riqueza acumulada é que os libertava (Lc 12, 19). Estão conscientes de que a sua prosperidade está ligada à sorte do povo. Por isso são os primeiros a querer abortar ou apagar qualquer motim popular que pudesse provocar represálias.
FÉLIX MORACHO
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