
Certamente, cada um de nós poderia relatar aqui alguma história semelhante, talvez em proporções menores, mas de alguma forma vinculada a esta chaga social, que é a violência. Eu mesmo, tive o infortúnio de ter a minha residência assaltada recentemente, enquanto eu e minha esposa descansávamos. Diante de tudo isso, nos perguntamos: ATÉ ONDE VAI ESSA VIOLÊNCIA E ESSA AUSÊNCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA?
Como Igreja, temos a nobre missão de lutar com todas as forças pela construção da Paz. Não podemos, enquanto instituição católica, nos comprometer com nenhum sistema econômico ou político, seja ele capitalista ou comunista, com nenhum regime ou forma de governo, mas temos um compromisso efetivo com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e nos compete denunciar as ideias, doutrinas, opiniões e atitudes dos governos, sistemas, ou partidos que se opõem aos ensinamentos cristãos. O nosso empenho é levar os homens à formação de uma sociedade justa e fraterna onde os seus direitos sejam respeitados e onde tenham condições de viver digna e honestamente.
Olhando a nossa realidade descobrimos que diversos fatores estão impedindo a realização deste ideal, gerando um clima de violência responsável pelos fatos supracitados e por outros conhecidos entre nós.
Entre esses fatores, apresentamos em primeiro lugar:
- Os pobres sem justiça: são eles que enchem as cadeias, como se só eles fossem criminosos o que faz parecer que entre nós "a fonte do Direito não é o ser gente, mas o ter dinheiro".
- A impunidade dos policiais corruptos: o "Esquadrão da Morte" continua agindo, apesar das múltiplas denúncias. "Inúmeros policiais acusados de crimes de morte, corrupção, tráfico de drogas, lenocínio não são levados às barras dos tribunais, porque estão acobertados por poderes mais altos que os protegem, sob a alegação de que são clementos valiosos no combater à subversão" como se houvesse subversão pior do que a supracitada!
- A má distribuição da terra: esta vem de longe e tem exacerbado ultimamente, é um outro fator responsável pelo clima de violência. As grandes empresas agropecuárias estimuladas pelos incentivos fiscais estão invadindo o Norte e o Centro Oeste. Aqui mesmo em Camocim/CE, vivemos momentos difíceis na questão fundiária. As CEBs estão engajadas por aqui na luta contra a exploração desenfreada das usinas eólicas, bem como das empresas multinacionais que tem vilipendiado os direitos e as terras dos povos nativos.
Por fim, percebemos que hoje mais do que nunca precisamos unir forças para combater essa mazela urbana que tem ceifado tantas vidas inocentes. Se queremos ser fiéis ao Evangelho hoje, temos que sair dessa postura cômoda de total alienação e pressionarmos as autoridades competentes para que a Segurança Pública, política pública assegurada por Lei, possa ser uma realidade concreta. Precisamos lutar contra tudo aquilo que oprime e destrói o homem, conscientes de que nessa empreitada, poderemos ser criticados, incompreendidos, injuriados e até maltratados. "No mundo tereis tribulações, mas tende coragem, eu venci o mundo", (Jo 16, 33). "Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro odiou a mim" (Jo 15, 18).
César Augusto Rocha
(inspirado no texto de Pe. João Batista Frota)
Um comentário :
Realmente, temos ese compromisso como igreja de "levar aos homens à formação de uma sociedade justa e fraterna onde os seus direitos sejam respeitados e onde tenham condições de viver digna e honestamente". Vc tem dedicado parte de sua vida, de seu tempo,levando esses conhecimentos através de seus ensinamentos como leigo,como professor e agora também,como blogueiro! PARABÉNS!!!Tenho muito orgulho de vc! Bjim!!!
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