Essa ideia deve estar muito clara em todas as pessoas, especialmente naquelas que vão se casar. Estas devem persuadir-se de uma verdade muito simples: o matrimônio representa "uma viagem sem retorno"; é um itinerário a dois que se perpetuará na felicidade eterna.Com as devidas reservas, e só a título de imagem ilustrativa, poderíamos comparar o matrimônio com uma viagem aérea que compromete a vida toda. Podemos ou não podemos aceitar as condições do vôo, mas, uma vez aceitas, a situação é irrevogável: devemos ir até o fim, sem possibilidade de descer no meio do oceano (ou de romper o vínculo), porque se assumiu um compromisso irrevogável: "permanecer unidos, até que a morte os possa separar"(...)
É necessário, por isso, evitar tendências emotivas, movimentos passionais, "amores à primeira vista". Este tipo de amor - muito válido - deve ser provado e experimentado com a passagem do tempo. Antes do casamento os noivos tentam a todo custo cativar, conquistar, evitam, geralmente, os atritos, procuram agradar-se mutuamente, escondem os seus defeitos...como se costuma falar familiarmente, "são santos". Com a passagem do tempo e a vida íntima do lar, os defeitos vão aparecendo, o egoísmo se manifesta mais claramente e, então, pode, de repente, aparecer no horizonte matrimonial o terrível estigma: foi uma decepção!
Diríamos, agora, aos noivos, se eles quisessem entender-nos bem: a decepção deve chegar antes do casamento. Todos nos decepcionamos pelos nossos defeitos e limitações. E é preciso ter perspicácia e a maturidade de descobri-los antes, ou a humildade de reconhecê-los e de confessá-los à outra parte antes que o consentimento matrimonial torne irrevogável a união.
O matrimônio é para sempre. Os mais antigos costumes humanos assim o revelam unanimemente. Por exemplo, há um secular ritual cigano que prescreve: ao se casarem, os noivos devem quebrar um vaso. Se as peças não se podem voltar a juntar, ou ficam incompletas, o casamento é irrevogável. Mas é também costume que uma criança. sem ser vista, pegue um caco do vaso quebrado e o jogue longe, para que ninguém o possa encontrar. Até em grupos étnicos tão primitivos, a indissolubilidade também é um costume fortemente arraigado.
Diríamos melhor, que o que se deve quebrar, e para sempre - irrevogavelmente -, é o egoísmo individualista. Casar é a melhor forma, mais radical, de deixar de pertencer-se a si próprio para toda a vida.
É por isso que convidamos os noivos a experimentarem a prova do tempo, burilando cada um o seu próprio egoísmo: que tenham paciência, que não se precipitem, que submetam decisão tão grave a uma séria e refletida ponderação.
A esta ideia, deve acrescentar-se outra fundamental e paralela: o divórcio, unido a novo casamento civil, além de não ter validade para um católico, é um pecado muito grave, e prolonga uma situação de irregularidade, que impede a recepção da Eucaristia, até que não se mude de vida.
Assim como o católico não pensará nunca no roubo para solucionar os seus problemas econômicos, nem no assassínio para libertar-se de um inimigo, também nunca pensará em divociar-se e em "recasar-se".
Recasar é perpetuar o pecado da infidelidade, tornar permanente uma situação de concubinato. Por esta razão a Igreja não permite que os recasados recebam o sacramento da Eucaristia.
Um motivo a mais para que os noivos compreendam que verdadeiramente o casamento é uma viagem sem retorno.


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