CONHEÇA A DIFERENÇA ENTRE "BEATIFICAÇÃO" E "CANONIZAÇÃO"

Em primeiro lugar é preciso deixar bem claro que não é a Igreja que torna alguém santo. O que nos santifica mesmo é a nossa vida pautada no amor e na vivência do Evangelho, o nosso testemunho na promoção da paz e da justiça e, evidentemente, os milagres ou sinais extraordinários que são verdadeiros sinais da intervenção de Deus na história humana. A Igreja apenas DECLARA OFICIALMENTE a santidade de alguém, após minucioso processo de estudo e averiguação da vida do suposto candidato.
A beatificação é o primeiro passo em direção à canonização definitiva. Do ponto de vista histórico, o termo «canonização» foi utilizado pela primeira vez por Alexandre III em 1171; ao passo que a distinção entre beato e santo foi formalizada por Sisto IV em 1483.
Com a beatificação declara-se a santidade de vida do beato e é permitido o culto público em sua honra no âmbito limitado de uma diocese ou de uma instituição eclesiástica (uma congregação religiosa, por exemplo). A canonização implica uma declaração especialmente solene de santidade e prescreve o culto público em toda a Igreja. Portanto, enquanto a primeira tem uma dimensão local, a segunda possui uma dimensão universal. Tanto a beatificação como a canonização pressupõem, contudo, a declaração prévia da heroicidade das virtudes praticadas pelo beato ou santo(...)

O que se entende concretamente por «virtudes heroicas» ou «de grau heroico»? O dicionário não nos ajuda a esclarecer ideias. Ele, na verdade, diz-nos que os herois são pessoas diferentes do comum dos mortais, ilustres e famosas pelos seus feitos clamorosos ou por terem realizado ações incríveis: no fundo, um modelo que se encontra no polo oposto da vida ordinária. Compreende-se perfeitamente que, com esse conceito de heroi, seja bastante difusa a ideia segundo a qual as «virtudes heroicas» são as praticadas mediante manifestações inusuais, dando assim a entender que a normalidade por sua vez se identifica com a mediocridade.
Não há nada de mais falso: heroicidade e normalidade são – e deveriam ser para todos – termos que não se excluem de modo algum. Aliás, não tenho dúvidas em definir a heroicidade das virtudes como a perseverança no cumprimento dos próprios deveres cotidianos. A santidade conquista-se no âmbito da mais estrita normalidade, sem ser ou se considerar superior aos outros, deixando que Deus atue em nós e dirigindo-se a Ele como a um amigo.
Durante séculos predominou um gênero literário que tendia a pôr de parte a resposta cotidiana dos santos aos implusos da graça e exaltava, pelo contrário, os seus feitos heroicos – mais propensos a causar admiração do que a suscitar o desejo de os imitar – e os fenômenos místicos, distantes da perspectiva dos cristãos comuns e da sua vida ordinária. Contudo, os santos não se santificaram com um determinado ato heroico isolado, mas antes pela fidelidade com que procuraram cumprir no dia a dia a vontade de Deus através dos pequenos deveres cotidianos. A santidade consiste, não tanto em fazer coisas extraordinárias, mas no fazer de maneira extraordinária as coisas ordinárias da vida de cada dia.

FONTE: http://blog.cancaonova.com/redacao/2009/06/17/conheca-a-diferenca-entre-a-beatificacao-e-canonizacao/


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