A palavra “inquisição” vem do verbo “inquirir”, que significa investigar, interrogar, fazer inquérito, sindicância, devassa. A finalidade da Inquisição era saber quem negava as verdades da fé e ensinava heresias.
Este tribunal religioso e ao mesmo tempo civil, pois Igreja e Estado caminhavam juntos, de certo modo, já havia começado em 1184, durante o governo de Frederico Barba-Roxa e o pontificado do Papa Lúcio III. Juntos, eles decidiram combater os albigenses. Essa “repressão” contra os hereges agravou-se em 1209, quando o conde Raimundo VI, de Tolosa, mandou um cavaleiro seu assassinar Pedro Castelnau, legado do Papa. Aí começou uma guerra armada que durou vinte anos (1209-1229)(...)
Em 1231, o Papa Gregório IX regulamentou oficialmente a Inquisição. Tal repressão começou em Languedoc, na França, contra os albigenses. Depois passou para outros países da Europa, especialmente Itália e Espanha. Entre os espanhóis, a Inquisição tornou-se mais rigorosa. Aí ficou na história o nome do famoso inquisidor Torquemada.
O herege era levado ao tribunal e advertido sobre seu erro. Se renunciasse à heresia, estava salvo da morte. O pior acontecia quando a pessoa renunciava ao erro falsamente e, depois, voltava a praticá-lo. Então, se fosse pego novamente, aí não escaparia da morte.
As penas eram diversas: as marcas nas vestes (com duas cruzes), uma peregrinação, o confisco de bens, a prisão temporária, a prisão perpétua, a morte pela fogueira...
Dois fatores contribuíram para a existência da Inquisição: o espírito guerreiro da época e o zelo para preservar as verdades da fé, pois a fé era como um “patrimônio” comum. Negá-la seria pôr em risco a segurança social.
Hoje a sociedade é pluralista. Cada um pensa o que quer e diz o que pensa. Por isso, vê a Inquisição como um escândalo. Mas na Idade Média não era assim. A sociedade, como um todo, era cristã. A fé devia ser defendida a qualquer preço. A heresia representava um câncer no corpo social, um furo no barco onde viajava toda a comunidade. Devia ser eliminada pala raiz. E o meio mais eficaz era a pena de morte.
Não podemos julgar acontecimentos de um passado remoto com critérios modernos. Seria anacronismo. Para entendermos a Inquisição, precisamos levar em conta os costumes e a mentalidade daquele tempo. Para os medievais, a espada e o sangue faziam parte da vida diária.
A fogueira já existia para os crimes contra a fé e os crimes comuns, bem antes da Inquisição (legalizada em 1231). Já em 1022 o rei Roberto (da França) condenou à fogueira 13 chefes de seita. Em 1052, o duque Guilherme da Aquitânia fez o mesmo em Tolosa.
O Estado queimava os hereges porque representavam um perigo, não só para a fé, mas também para a nação, pois especialmente os cátaros e albigenses eram contra o casamento e outros valores da sociedade. Às vezes, o povo mesmo jogava o herege na fogueira, por conta própria, sem julgamento. É o que aconteceu em Cambrai em 1077: a multidão fechou num herege numa cabana e ateou fogo.
Como se vê, não podemos pensar que a Igreja seja a única responsável pela Inquisição. Antes, quem levava os hereges à fogueira era o poder civil. Os peritos em Teologia julgavam se havia crimes contra a fé. Mas a sentença e a execução ficavam por conta do Estado. César Cantu escreveu:
“O culpado, pelo fato de ser reconhecido herege, não pertencia mais à Igreja. A partir daí, ele se transformava em criminoso do Estado, e o Estado não executava uma sentença da Inquisição, mas aplicava a pena estabelecida pela sociedade civil” (História dos Heréticos da Itália, página 193).
PE. LUIZ CECHINATO (OS 20 SÉCULOS DE CAMINHADA DA IGREJA CATÓLICA)
Este tribunal religioso e ao mesmo tempo civil, pois Igreja e Estado caminhavam juntos, de certo modo, já havia começado em 1184, durante o governo de Frederico Barba-Roxa e o pontificado do Papa Lúcio III. Juntos, eles decidiram combater os albigenses. Essa “repressão” contra os hereges agravou-se em 1209, quando o conde Raimundo VI, de Tolosa, mandou um cavaleiro seu assassinar Pedro Castelnau, legado do Papa. Aí começou uma guerra armada que durou vinte anos (1209-1229)(...)
Em 1231, o Papa Gregório IX regulamentou oficialmente a Inquisição. Tal repressão começou em Languedoc, na França, contra os albigenses. Depois passou para outros países da Europa, especialmente Itália e Espanha. Entre os espanhóis, a Inquisição tornou-se mais rigorosa. Aí ficou na história o nome do famoso inquisidor Torquemada.
O herege era levado ao tribunal e advertido sobre seu erro. Se renunciasse à heresia, estava salvo da morte. O pior acontecia quando a pessoa renunciava ao erro falsamente e, depois, voltava a praticá-lo. Então, se fosse pego novamente, aí não escaparia da morte.
As penas eram diversas: as marcas nas vestes (com duas cruzes), uma peregrinação, o confisco de bens, a prisão temporária, a prisão perpétua, a morte pela fogueira...
Dois fatores contribuíram para a existência da Inquisição: o espírito guerreiro da época e o zelo para preservar as verdades da fé, pois a fé era como um “patrimônio” comum. Negá-la seria pôr em risco a segurança social.
Hoje a sociedade é pluralista. Cada um pensa o que quer e diz o que pensa. Por isso, vê a Inquisição como um escândalo. Mas na Idade Média não era assim. A sociedade, como um todo, era cristã. A fé devia ser defendida a qualquer preço. A heresia representava um câncer no corpo social, um furo no barco onde viajava toda a comunidade. Devia ser eliminada pala raiz. E o meio mais eficaz era a pena de morte.
Não podemos julgar acontecimentos de um passado remoto com critérios modernos. Seria anacronismo. Para entendermos a Inquisição, precisamos levar em conta os costumes e a mentalidade daquele tempo. Para os medievais, a espada e o sangue faziam parte da vida diária.
A fogueira já existia para os crimes contra a fé e os crimes comuns, bem antes da Inquisição (legalizada em 1231). Já em 1022 o rei Roberto (da França) condenou à fogueira 13 chefes de seita. Em 1052, o duque Guilherme da Aquitânia fez o mesmo em Tolosa.
O Estado queimava os hereges porque representavam um perigo, não só para a fé, mas também para a nação, pois especialmente os cátaros e albigenses eram contra o casamento e outros valores da sociedade. Às vezes, o povo mesmo jogava o herege na fogueira, por conta própria, sem julgamento. É o que aconteceu em Cambrai em 1077: a multidão fechou num herege numa cabana e ateou fogo.
Como se vê, não podemos pensar que a Igreja seja a única responsável pela Inquisição. Antes, quem levava os hereges à fogueira era o poder civil. Os peritos em Teologia julgavam se havia crimes contra a fé. Mas a sentença e a execução ficavam por conta do Estado. César Cantu escreveu:
“O culpado, pelo fato de ser reconhecido herege, não pertencia mais à Igreja. A partir daí, ele se transformava em criminoso do Estado, e o Estado não executava uma sentença da Inquisição, mas aplicava a pena estabelecida pela sociedade civil” (História dos Heréticos da Itália, página 193).
PE. LUIZ CECHINATO (OS 20 SÉCULOS DE CAMINHADA DA IGREJA CATÓLICA)
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