
Reunidos em Aparecida (SP), no ano de 2007, os bispos da América Latina e Caribe reafirmaram esta preocupação da Igreja e convocaram as dioceses a enfrentarem de frente o desafio da Pastoral Urbana.
No Brasil, a CNBB está levando a proposta a sério. Num seminário realizado pelo Instituto Nacional de Pastoral (INP), aberto na quarta-feira, 4, em Brasília, os assessores da CNBB e os secretários executivos dos Regionais da CNBB, além de convidados, se debruçaram sobre as grandes questões que envolvem o mundo urbano e ação pastoral que nele se deve desenvolver.
Segundo a geógrafa Maria Adélia Aparecida de Sousa, uma das conferencistas do Seminário, o maior desafio da ação pastoral da Igreja é responder à pergunta que os bispos fizeram na Conferência de Aparecida: “Como pode a Igreja contribuir para a solução dos urgentes problemas sociais e políticos e responder ao grande desafio da pobreza e da miséria?”.
Para Adélia, é difícil cuidar da pastoral urbana apenas estudando e agindo na cidade. “O modo de vida urbano hoje invadiu o campo, ou seja, esse mundo tornou-se totalmente dependente do modo de vida e de relações urbanas, possibilitado pela acessibilidade cada vez maior de todos aos objetos técnicos disponíveis e que lhes permitem obter informações e estar absolutamente inseridos na dinâmica do mundo”, esclareceu.
Choque de reparoquialização
O teólogo padre Joel Portela Amado afirmou que a mobilidade é uma categoria importante para a compreensão das atuais cidades e isto “coloca em cheque leituras e soluções de caráter predominantemente fixista e estático”. “Acostumada a um modelo de cidade mais fixista e com baixos índices de mobilidade, a ação evangelizadora não consegue assumir a ruptura entre espaço fisicamente delimitado e espaço socialmente significado”, disse.
Padre Joel defendeu que é preciso rever o conceito de território paroquial a partir das novas exigências da realidade urbana. Segundo afirmou, a concepção de paróquia como um espaço territorial, que não considera a mobilidade característica das cidades, “tem levado as paróquias, do jeito como elas se compreendem e organizam atualmente, a uma espécie de esgotamento”. Há necessidade, portanto, de novas estruturas pastorais.
A solução, segundo o teólogo, é passar por um “choque de renucleação, reparoquialização”. “Não seria o caso de se pensar a Igreja nas grandes cidades a partir de diversas formas de configuração territorial, formas que incluam o território fisicamente considerando, mas também o espaço não fisicamente circunscrito?”, questiona. Para ele, tanto uma forma como outra têm as mesmas exigências eclesiológicas: “a fé, a comunhão de vida, a celebração e a missão”.
O seminário termina hoje e as reflexões dos conferencistas serão publicadas pelo INP. Segundo o diretor do INP, padre Agenor Brighenti, a ideia é fazer com que as lideranças estudem os textos em vistas de um novo seminário sobre a Pastoral Urbana no ano que vem com data ainda a ser confirmada.
FONTE:
http://www.cnbb.org.br/ns/modules/news/article.php?storyid=2501
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