REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Mc 12, 38-44 - 32º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

DOUTORES DA LEI

"Doutores da Lei" era apenas um apelativo pomposo dado aos escribas. A palavra "escriba" quer dizer "escrevente". Era aquele judeu que se ocupava de copiar a mão os manuscritos sagrados da Bíblia, já que a imprensa ainda não havia sido descoberta. E, pelo ato repetitivo de repassar as letras sagradas, ficavam peritos na Sagrada Escritura(...)
Como as leis que regiam o povo judeu estavam inseridas na Bíblia, os escribas tornaram-se verdadeiros advogados e exploravam os pobres nessa função, como fazem ainda hoje muitos advogados, que se aproveitam dos meandros da lei nem sempre éticos. Naquele tempo, eles tinham uma sede de ocupar sempre as primeiras cadeiras, os primeiros lugares em tudo e se deliciavam com esse título pomposo de "Doutor da Lei".

DOIS COMPORTAMENTOS ADVERSOS

O dos escribas "exibicionistas" X o da viúva "anônimo".
Os escribas praticavam uma religião "exibicionistas". Na igreja, eles procuravam sentar-se nas cadeiras bem da frente, faziam longas orações com gestos espalhafatosos, só para serem vistos. A religião para eles se limitava a práticas exteriores, alheios ao coração. Tanto que o comportamento, a vida particular deles era reprovável. Eles exploravam as viúvas e abusavam dos pobres: nenhum desapego, portanto.
O comportamento da viúva era "anônimo". Enquanto o escriba povoava a alta esfera da sociedade (o primeiro lugar nos banquetes e a louvação fácil do povo), a "viuvez" era considerada castigo de Deus por algum pecado cometido. A "viúva" era marginalizada como os "pecadores". A religião da viúva, por sua vez, não era exibicionista, mas nascia do coração, pois se manifestava em atitudes. Quanto aos exemplos de vida: o "Doutor da Lei" demonstrava uma "ganância desmedida". A viúva manifestava verdadeiro "desprendimento". Ela ofereceu a Deus tudo o que possuía para viver: duas moedas de pequeno valor. Podia ter ofertado uma só moeda e ficado com a outra para as aperturas.

JESUS TINHA GRANDE SENSIBILIDADE COM A CLASSE POBRE E HUMILDE

Ele percebia as ações, as mais fracas e imperceptíveis dos humildes e pobres. Como se Ele quisesse estimulá-los, encorajá-los, ou compensá-los pelo desprezo que recebiam dos outros.
- Percebeu quando a mulher que sofria de um fluxo de sangue (hemorragia) tocou a fímbria do seu manto no meio de uma multidão.
- Enxergou o aleijado que se apertava entre os frequentadores do templo e curou-o mesmo em dia de sábado.
- Escutou, no meio do borborinho de uma multidão, a voz esganiçada do cego de Jericó, à margem da estrada.
Percebeu os gestos acanhados da viúva anônima junto ao cofre do templo.
Esse era o traça mais adorável do Deus-homem, bandeira que deve ser empunhada com orgulho, por todos nós.

REFLEXÕES:

Hoje há também os "Doutores da Lei". São os candidatos políticos que pegam carona em solenidades religiosas, comparecendo inusitadamente à Igreja como "marketing" para se elegerem ou se tornarem queridinhos do povo.
Reflitamos sobre a religiosidade externa, que não nasce do coração; sobre a religião de fim de semana, que se limita às missas dominicais, que não influi na vida da pessoa, que não se reflete no comportamento dele no lar ou no ambiente de trabalho.

FRANCISCO VALMIR ROCHA

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