Estamos iniciando o
ano da juventude!! Em 2013, a Campanha da Fraternidade mais uma vez nos convida
a refletir sobre o protagonismo dos jovens não apenas nas estruturas internas
da Igreja (engajamento em seus inúmeros movimentos, associações e pastorais),
mas, sobretudo, em sua atuação nas expressões multifacetadas da sociedade. Essa
convocatória é, na realidade, fruto de uma constatação inquietante: ESTAMOS
ASSISTINDO A UM VERDADEIRO EXTERMÍNIO DOS JOVENS (15 A 25 ANOS), BEM COMO A
EVASÃO DESSE SEGMENTO DAS FILEIRAS ECLESIAIS...
Como entender esse
arrefecimento da juventude em sua vivência cristã?! É notório que hoje se
prefere muito mais uma religião invisível de pouca prática, sem adesão total ou
ainda um mosaico religioso com pedaços de todo o tipo de religião. O doc. 62 da
CNBB, intitulado “Missão e Ministério dos cristãos leigos e leigas” já nos
alertava:
“Há uma procura pelo
sagrado, pelo transcendental, mas numa outra perspectiva. Infelizmente, essa
procura pela religião hoje está atrelada ao imediatismo e a uma realização
pessoal. “Experimenta-se uma ou outra religião, em busca daquela que me
satisfaça”.
Em primeiro lugar, é
preciso perceber que estamos vivendo uma profunda crise de paradigma
civilizacional, que nos impele a um constante “aggiornamento” = “atualização”,
um redimensionamento de nossas ações e de nossa própria visão de mundo. Nesse
ínterim, é indispensável repensar a nossa linguagem, a nossa ação pastoral e a
nossa maneira de entender o rosto dos jovens neste mundo em constante mudança.
O discurso tradicionalista, impositivo e moralista de outras épocas não
consegue mais responder aos novos questionamentos e desafios da
contemporaneidade. Isso é fato!! A Igreja, fechada em si mesma durante séculos,
abre-se a partir do Concílio Vaticano II ao diálogo com as novas formas de
pensar, de entender o mundo e a modernidade.
Porém, há de se observar que, apesar da abertura pós-conciliar, no que
se refere ao protagonismo juvenil, pouco avançamos. Fomos perdendo gradativamente a capacidade de
atrair e conquistar os nossos jovens, proporcionando a eles a possibilidade de
terem um encontro pessoal com o jovem de Nazaré, Jesus Cristo. A própria fragmentação
da família e das grandes instâncias sociais, contribuiu, sobremaneira, para que
a juventude perdesse os grandes referenciais que norteavam a sua vida.
Vivemos hoje na era
da comunicação digital e do advento das novas tecnologias. Não existem mais
fronteiras e limites entre grupos, indivíduos e nações, fato esse que atinge
principalmente a juventude. Essa linguagem simples, direta e rápida pode
alavancar conhecimento e proporcionar uma infinidade de benesses, como também,
se mal utilizada, poderá trazer uma série de riscos. A internet, por exemplo, ao mesmo tempo em que
aproxima as pessoas, rompendo as barreiras da timidez e do acanhamento, acaba,
quase sempre, privando-as da alegria do encontro presencial, da partilha e de
muitas outras possibilidades só possíveis quando o “virtual se torna real”. As
redes sociais se tornaram uma realidade concreta entre os jovens. É preciso
observar que, elas podem se tornar um espaço profícuo para a disseminação de
ideias e conceitos que ferem profundamente os valores da fé cristã e a própria
dignidade humana. Nesse aspecto, temos que nos perguntar: “Estamos preparados
para dialogar e trabalhar com essa nova linguagem? Ou preferimos observar a distância,
despreparados e temorosos de uma possível aproximação com o diferente?”
Hoje não se fala mais
em uma única “juventude”, mas, em “diferentes juventudes”, haja vista a sua
imensa pluralidade cultural e social. Deparamo-nos com as diferentes “tribos
urbanas”, fenômeno social dinâmico e complexo, que teve início nos grandes
centros e hoje já é uma realidade nas pequenas cidades. Cada uma dessas
expressões traz consigo hábitos e valores culturais diversos, que precisam ser
entendidos e respeitados em nossa ação evangelizadora. Geralmente, o caráter
contestador, a apatia, o desleixo e a própria anarquia que percebemos nesses
grupos são formas de contestação. Não se trata apenas de um modismo, mas de um
estilo de vida, uma resposta a essa cultura de morte que despersonaliza e
massifica os jovens.
O Evangelho sempre
será uma novidade perene em nossas vidas. Transmiti-lo de uma forma nova e
dinâmica é que é o grande desafio. Os jovens precisam ser “ouvidos” em seus
anseios e dificuldades, encontrando em nossos templos um ambiente acolhedor, em
nossos pastores uma voz de esperança para que possam ser, de fato, sujeitos de
sua história.
Por César Augusto
Rocha – Equipe de Comunicação do CNLB
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