REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - 3º DOMINGO DO ADVENTO - Lc 3, 10-18 - ANO C


QUE DEVO FAZER?

O tema dos dois primeiros domingos do Advento (passados) era ABRIR UMA ESTRADA NO DESERTO PARA A CHEGADA DO MESSIAS. O deserto é o coração humano. O que prepara a estrada (rebaixa os morros e aplaina os vales) é a CONVERSÃO. O evangelho do TERCEIRO DOMINGO faz a pergunta, que, geralmente, nasce de um coração arrependido: QUE DEVO FAZER?...

-NOTAS PARA A COMPREENSÃO DO TEXTO:

  -A TÚNICA:  Ela era a vestimenta principal usada por todos os judeus, homens e mulheres, em cima do corpo e não era tirada nem para dormir. De modo geral constava de duas peças de pano, uma na frente outra atrás, ligadas por costuras horizontais reforçadas `a altura da cintura. A túnica era como um saco emborcado, com aberturas laterais para os braços e uma abertura no meio, em forma de V, para passar a cabeça. Tinha aspecto de camisão de algodão ou de linho, com ou sem mangas e que descia até os joelhos (nas mulheres até os tornozelos). A túnica era presa à cintura por um cinto de couro, no qual havia bolsa para guardar dinheiro e enfiavam-se ferramentas ou armas. Quando os homens precisavam estar mais livres para correr ou trabalhar, arrepanhavam a barra da túnica e a prendiam no cinto. Não se usavam roupas de dormir (pijamas etc). No fim do dia, o cinto era afrouxado e a pessoa deitava-se com a túnica. Ela era feita de lã, linho ou algodão, dependendo das posses da pessoa. As túnicas feitas de saco ou pelos de cabra eram desconfortáveis. Só eram usadas em momento de luto ou penitência. Eram usadas, sim, pelos profetas.

Por causa da importância da túnica como vestimenta, que protegia contra o frio e servia de roupa de dormir, é que João Batista  faz destaque dela em sua pregação.

-A BÍBLIA NOS FALA AINDA HOJE:

Há quem deixe de ler a Bíblia, porque não a entende, porque é “difícil” – dizem – e até porque não sabem tirar dela o que precisam para a sua vida. O jeito é você procurar a orientação de uma pessoa apta, para começar a explorar esse tesouro. Você tem que saber por onde começar a lê-la e saber onde estão as lições que precisa para a sua vida hoje, nos nossos dias. Ficamos abismados como um livro escrito em tempos tão remotos, em línguas tão diferentes, por escritores de costumes e mentalidades tão diferentes, foram orientados pelo Espírito Santo para poderem nos falar e orientar sobre coisas que estão acontecendo agora, como se o escritor estivesse vivendo hoje entre nós. O evangelho deste domingo parece que foi escrito por quem está vendo o que está nos acontecendo. Ouça a pregação de João Batista:

1 – “Que devemos fazer? Quem tiver duas túnicas dê uma a quem não tem; e quem tiver comida faça o mesmo.”  - É A “REPARTIÇÃO” COM OS OUTROS QUE ESTÁ NOS FALTANDO. O Brasil é um país campeão na desigualdade social. Veja, por exemplo, quanto ganha, por mês, um técnico de futebol, que você chega lá. Padre Zezinho, no seu sucesso musical “Meninos Abandonados” diz que o Brasil é um país que não aprendeu a repartir.

2 – “Não cobreis mais do que foi estabelecido.” – João está se dirigindo aos nossos comerciantes, bancos e agiotas de hoje.

3 – “Não tomeis à força dinheiro de ninguém.” – Ele está falando para os nossos corruptos, objetos das CPIs de hoje e manchete de nossos telejornais.

-OS MARGINALIZADOS DA ÉPOCA, DESPREZADOS, FORAM OS PRIMEIROS A PROCURAR JOÃO BATISTA . Foram eles: os cobradores de impostos e os soldados, a saber:

-Os cobradores de impostos ou publicanos eram odiados, porque eles é que cobravam dos judeus os impostos, que iam parar em Roma, a nação opressora.

-Os soldados daquela época eram odiados por quatro motivos: eram mercenários, pagos pelo Império Romano para policiar os judeus. Eram tidos como “impuros”, de acordo com os costumes judaicos, pela possibilidade do próprio ofício de derramarem sangue. Eram pagãos (vindos de fora), porque, no tempo de Jesus, era proibido na Palestina o serviço militar. Afinal, o quarto motivo era que eles costumavam extorquir dinheiro indevido dos cidadãos.

-REFLEXÕES - O QUE DEVO FAZER?

  -Primeiro: Desapego dos bens materiais – Todos nós, se abrirmos o nosso guarda-roupa, vemos que lá estão roupas que, há muito tempo, não usamos, embora passem pela nossa porta, todos os dias, pedintes pedindo uns molambinhos. Santo Agostinho diz a respeito: “Aquilo que nos sobra não nos pertence, é patrimônio dos necessitados.”

 -Segundo: Domínio da ganância -  A  ganância é a causadora da conhecida corrupção dos dias de hoje.
-Terceiro: Evitar o abuso da força – O abuso da força é a raiz da violência que grassa hoje no nosso país.

Por Francisco Valmir Rocha - Animação Bíblica de Camocim/CE                        


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