VIVENDO A SEMANA SANTA - PALAVRA DO PRESIDENTE DO CNLB

Neste último domingo, chamado Domingo de Ramos, iniciamos a "Semana Santa", que culminará com a Celebração Litúrgica do Tríduo Pascal: Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. A Paixão de Cristo é a paixão do povo, a paixão do povo é a Paixão de Cristo e sua vitória é a vitória do Projeto da Vida: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância" (Jo 10,10)(...) Quem estiver assumindo o compromisso de transformação do mundo, acolhendo, libertando, testemunhando a justiça e a fraternidade, poderá entender e celebrar autenticamente a Páscoa do Senhor. "A transformação do homem e da mulher e do seu mundo é o meio seguro de glorificar a Deus que os quer a sua imagem e semelhança e participando do dom da vida com abundância". (CNBB 43,66).

A Liturgia, portanto, para ser autêntica e agradável a Deus, tem que ser encarnada na história, profética e libertadora. Nossos pastores nos ensinam: "A Comunidade, reunida no Espírito Santo, faz a leitura simultânea da Bíblia e da História, em clima orante e, assim, consegue discernir nos acontecimentos os sinais da vida e da morte, do Reino e do anti-Reino. Deste modo, na Liturgia, a Comunidade desvenda, revela, profetiza, anuncia e denuncia, adora, louva e agradece, pede perdão, implora e intercede, partilha e comunga. Liturgia cristã e História são inseparáveis. A Celebração Litúrgica não está fora do contexto social, econômico, político e cultural. Celebramos a presença e a acão libertadora de Deus na realidade histórica, pois a relação do povo com Deus não se dá fora da história, mas no coração dela, dentro dos acontecimentos. O povo de Deus convocado para o Culto é o mesmo povo que trabalha, faz festa, sofre, espera e luta na História. (...) Não é possível celebrar um ato litúrgico alheio ao contexto da vida real do povo, em sua dimensão pascal." (CNBB 43,55).

Prezados irmão e irmã, como celebrar a Semana Santa para que não se reduza a simples lembrança de fatos passados? Sofremos, hoje, as consequências da crise do capitalismo mundial, as guerras do tráfico, do trânsito, da corrupção, a violência, as ameaças à natureza e à vida como um todo. Vivemos, também, graças a Deus, a esperança do mundo que se levanta pela paz, pelo meio ambiente, pela justiça social, de pessoas que se organizam para a mudança, pelo avanço da democracia e conquista da cidadania, de atos pequenos ou grandes que justificam e dão sentido à existência.

Propomos a todos a vivência e o testemunho do Mistério Pascal de Cristo. Desejamos que você, sua família e Comunidade, participem intensamente da fecundidade libertadora da Páscoa, cresçam na fé e no compromisso com a libertação da humanidade. E que sejam santas todas as semanas do ano, na busca de conversão e de vida nova.

Por Laudelino Augusto - Presidente do CNLB

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