REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Mc 1, 14-20 - 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

-A PLENITUDE DOS TEMPOS:

A morte de João Batista é o marco inicial da vida pública de Jesus, que é marcada toda pela divulgação do Reino de Deus. Uma coisa que estava profundamente enraizada nos planos de Cristo era buscar a região da Galileia para a realização de seus planos, o início da implantação do seu Reino. A Galileia ficava ao norte da Palestina. Havia lá uma grande mistura dos nascidos na própria região com elementos pagãos chegados lá, depois das conquistas. Era a região onde havia menos elementos judeus(...) “No tempo dos Macabeus, poucos israelitas moravam na Galileia, cf. 1Mac 5.14-23” (Vide Dicionário Enciclopédico da Bíblia – pag. 620). Esse era o ambiente propício para a obra de Jesus. Ele buscava primeiro eliminar essa espécie de escravização criada pela classe dominante judaica, que exigia do povo o cumprimento de práticas humanas caducas, criadas por eles. Buscava também a anulação discriminatória da classe pecadora, criada também por eles, que envolvia publicanos, pastores, pescadores e até curtidores de couro. Somente depois, Deus quis reinar nos corações humanos pela ação cativante mas livre do amor: é o Reino de Deus, objetivo principal de sua catequização na sua vida pública. Ora, isso seria dificílimo debaixo das barbas dominantes da classe radical judaica.

-PARA AJUDAR NA IMPLANTAÇÃO DO “REINO”, JESUS ESCOLHE “PESSOAS SIMPLES”:

Uma coisa salta aos olhos no critério seguido por Jesus para escolher os seus colaboradores, um critério notavelmente divergente do critério humano, seguido ainda hoje. Vamos supor que queiramos escolher um coordenador para o nosso círculo bíblico. Nosso primeiro cuidado tem sido o de eliminar a chance dos mais pobres e analfabetos. Jesus, porém, não discrimina os pobres e analfabetos, mas os escolhe. Os comentaristas da atitude de Jesus na escolha de seus colaboradores são unânimes: “Jesus escolhe pessoas simples.” E, escolhendo pessoas simples, vemos logo, de início, que Cristo obtém deles uma resposta imediata e firme. Focalizando só a escolha dos quatro primeiros apóstolos, vemos que “Eles deixaram, imediatamente, as redes e seguiram a Jesus...Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados e partiram seguindo a Jesus.” (Vide “Roteiros Homiléticos”do Pe. José Bortolini, pag. 356). Em contrapartida, vamos focalizar aquele chamado que Jesus fez ao jovem rico. O episódio é impactante: o jovem saiu pensativo e não voltou mais...porque tinha muitos bens. Ao que parece, o motivo da defecção é consensual entre os comentaristas: a falta de desapego, que é crucial , e básico, e difícil para o vocacionado. Eis que o desapego não foi um estorvo mas incomensurável na resposta de Francisco de Assis.

-REFLEXÕES:

Reparando nos momentos de que Jesus se serve para os seus chamados vocacionais, não encontramos nenhum solene, “com raios e trovões”, nem com aquele modo extraordinário de repetir o nome, que, com certeza, ecoava pelas arcarias do templo naquela noite: “Samuel! Samuel!” Jesus buscava o escolhido nas esquinas da vida, no meio de seus afazeres: “Jesus viu Simão e André...que lançavam a rede ao mar...segui-me...e eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus.” Não vamos, portanto, esperar um momento apoteótico. Procuremos ouvir a sua voz no meio das nossas lutas do dia-a-dia e ela pode ser única e irrepetível.

Por Francisco Valmir Rocha - Membro da Pastoral Bíblica de Camocim/CE

Um comentário :

Unknown disse...

Graça e paz.
Bela partilha irmão. Se me permite será a base para a homilia que farei no domingo na celebração da palavra
Obrigado. Que Deus lhe abençoe sempre mais.