
As constantes discussões concernentes às religiões na Internet tem revelado que existem leigos bem preparados em alguns grupos, munidos de argumentos sociológicos e teológicos atualizados, contextualizados e ecumênicos. Por outro lado, percebe-se a existência significante de cristãos leigos despreparados, incapazes de estabelecer um diálogo maduro e sadio com pessoas que não comungam do mesmo credo religioso. No embate ideológico, quando faltam argumentos para os “insanos encapuzados, institucionalizados de grupos pastorais e de Igrejas várias”, é por certo que, eles soprem a tradicional e costumeira tempestuosa nuvem, carregada de raios sagrados, para que pairem sobre as cabeças dos contestadores, banhando-os com as incríveis e criativas injúrias de condenações ao imensurável fogo eterno que, ouso considerar, estar aceso apenas na mediocridade da fé destes piedosos, blindados e incontestáveis santos de carteirinha.
Não é normal nos dias de hoje que o cristianismo seja reduzido à insignificância dos muitos descrentes, como também não é justo que ele seja mal defendido e que os seus prediletos defensores desconheçam a mensagem atualizada da fé, tendo que recorrer a mentalidade medieval que absolutamente desconhecia as outras possibilidades de crenças e cultos ao divino. As redes sociais virtuais estão aí, e os que se dispôem a participar de discussões sobre religiões não devem fazer de forma despreparada, preconceituosa ou arrogante. Estas práticas apenas desqualificam o debate, além de contribuir generosamente com o descrédito e com a estigmatização de uma crença milenar que teve muitos acertos e muitos erros no percurso de toda história (e continua não sendo diferente!).
O contato dos jovens cristãos com a vida imensa além do próprio nariz não deve ser discutida pelo viés da infantilidade, pois o que se revela no complexo mundo virtual contrapõe absolutamente as verdades de fé, de forma madura e adulta, salvos os exageros que também surgem, e mesmo estes, muitas vezes , conseguem ser mais convincentes que o ‘troca- troca de versinhos’, tipo:
“Jesus é amor, por isso convertam-se!
“Quem não tem religião não se salva!”, outro vem e diz:
“Ele é o dono da minha vida!” - um terceiro completa:
“Que bom é ter Jesus na nossa vida!” e aí o outro vem e fecha o troca-troca de figurinhas virtuais:
“Oh Glória, irmãos! Aleluia!”, é a famosa fé abobalhada em ação, que não serve pra nada, não defende nada, não evangeliza ninguém, apenas serve para engrossar o rol das inúmeras ironias e piadas, e mostrar o que existe de mais fraco nas religiões que é a alienação, o fanatismo e uma certa radicalidade sem razão, desequilibrada e abestalhada.
Existem ricos materiais de formação que estão disponíveis aos cristãos, inclusive os doutrinais, no entanto, o conceito de formação em algumas mídias religiosas trata de monopolizar e apresentar o conteúdo mais fraco na matéria de fé, e sendo assim, justifica-se as asneiras dos cristãos no mundo dos descrentes. A fé que os cristãos têm em Deus não deve ser sujeitada a hostilização dos que não acreditam, e isso só se torna possível quando as práticas e as palavras dos crentes são desconexas e ultrapassadas, quando falta coerência na vivência cristã, e quando sobra prepotência e soberba nas relações com o mundo diferente do que criamos de forma egoísta para vivermos.
Definitivamente, o mundo está além dos nossos narizes ideológicos, está impregnado de conhecimentos e verdades alheias às nossas. É obrigação dos cristãos e não-cristãos, entenderem os fatos e estabelecerem um relacionamento de qualidade que seja ecumênico, produtivo e construtivo.
Portanto, saibamos apresentar a nossa fé nas redes sociais com mansidão e humildade, porém, com a prudência de uma serpente , sem, contudo, agirmos como tolos.
Por Carlos Jardel dos Santos - CEB's - Diocese de Tianguá/CE
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