ECCE HOMO - MAGNITUDE E MISÉRIA, INFINITUDE E TEMPORALIDADE

"O que é o homem? Um nada em relação ao infinito, um tudo em relação ao nada". Blaise Pascal, filósofo francês do século XVII, penetrou no âmago da questão, conceituando como ninguém a essência do ser humano. Somos exatamente essa incógnita no grande mistério do universo, um lampejo de infinito ou de sofreguidão, de magnitude ou de extrema miséria(...) Somos capazes de atos heróicos incomparáveis, de movermos as nossas entranhas de compaixão e ternura, mas, por um infortúnio do destino, trazemos também no íntimo as mazelas do egoísmo e da ganância que nos tornam insensíveis e apáticos diante da dor e do sofrimento alheio.

Finitude pulgente que sufoca e apaga a centelha de Deus que ainda fumega em nossa alma resumindo tudo a um mar sombrio de ilusões e aparências. Que o bom Deus não nos deixe perder a capacidade de ver com o coração o que os olhos não conseguem vislumbrar, de acreditar mesmo sem o consolo da compreesão, de sonhar ainda que sejamos tragados todos os dias por uma realidade fria e insensata. A vida, dom por excelência, é certamente muito mais do que o aqui e agora, o temporal e o perecer finito de nossos dias. A vida é mais do que esse ritmo louco que nos absorve completamente, roubando de nós o encanto da descoberta, a novidade de cada dia, de cada olhar. Oxalá, nunca perdêssemos a reveladora sacralidade de cada dia, os detalhes quase imperceptíveis de nossos caminhos e veredas, a esperança que nos faz melhores.

O que é o homem? Quem realmente somos? Um constante recomeçar, um número infinito de possibilidades, uma mescla confusa entre o divino e o humano. Nessa perspectiva, as escolhas pessoais serão determinantes, porque seremos o que quisermos ser. Chaplin nos deixou essa sabedoria: "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos".

Por César Augusto Rocha - coordenador do Conselho Diocesano de Leigos/as

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