REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Mt 22, 15-21 - 29º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A

-NOTAS PARA A COMPREENSÃO DO TEXTO:

-OS FARISEUS eram membros de um partido religioso e se dedicavam ao estudo e cumprimento da Lei Mosaica e das tradições dos antepassados.

O que marcava o fariseu era o apego e o valor que davam às exterioridades. Enquanto exigiam o cumprimento de práticas caducas, seu coração estava distante. Apegavam-se a detalhes minuciosos que se tornavam um fardo para o povo(...) Por exemplo, no dia de sábado, uma pessoa só podia andar até 2.000 passos (uma jornada de sábado). Se uma casa caísse sobre alguém, a vítima podia ser deixada lá dentro, se pudesse sobreviver até o dia seguinte a fim de guardar o sábado, conforme diz Ralph Gower no seu livro “Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos” – pag. 354.

-“Alguns do partido de Herodes...”

Herodes Ântipas conseguiu do Senado Romano o título de Rei da Judeia (“Rei Herodes”), mas era um rei submisso a Roma e serviçalmente submisso. Muito pouco chegado aos costumes hebraicos, teria abolido todas as práticas judaicas, se pudesse. Os seus discípulos defendiam Herodes – claro! – e eram a favor do imposto cobrado por Roma. Por isso é que os fariseus tiveram o cuidado de levá-los, como testemunhas, na armadilha preparada contra Jesus.

-A ARMADILHA FEITA A JESUS:

No tempo de Jesus, o povo judeu estava submetido a Roma e pagava a ela pesados impostos. O imposto incidia “sobre a terra, número de filhos, metros de estrada das adjacências da propriedade, carne e sal consumidos, número de animais, plantas frutíferas da propriedade.” Esse imposto era cobrado por pessoas que viviam no meio dos judeus (os publicanos) e fiscalizado pelo Procurador Romano. Essa intervenção romana, por demais humilhante, gerava dois partidos. Havia os que estavam a serviço de Roma, odiosamente chamados de “estrangeiros”. Do outro lado, havia a raça judia, nacionalista como era.

Os fariseus agiram com extrema falsidade. O que eles queriam era uma base para condenar Jesus: uma prova. Para não se comprometerem, não se apresentaram pessoalmente, mas mandaram seus discípulos. São repugnantes as palavras forçadas de elogio que disseram antes de lançarem a rede da traição: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que de fato ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências.”

-O QUE JESUS QUERIA DIZER COM A RESPOSTA: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”?

O pagamento do imposto era feito com uma moeda que tinha a imagem do imperador romano, que exigia um culto divino à sua pessoa. O próprio uso da moeda com a efígie do imperador era uma cumplicidade para quem a portava, sobretudo para o judeu, porque está escrito na Bíblia a proibição de representar tudo que existe no céu e na terra (Ex. 20,4). Ou seja,o manuseio da moeda implicava de certo modo para o usuário dela num ato de adoração ao imperador. E os próprios inimigos de Jesus estavam com a moeda. Então,” a resposta Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus estabelece os devidos limites entre Deus e César. O pagamento do imposto ao imperador é irrelevante, com o pressuposto de recusar-lhe o que é devido única e exclusivamente a Deus: a adoração.” (Vide Jaldemir Vitório no seu livro “Dia a dia nos passos de Jesus” – pag . 360).

-CONCLUSÕES:

-Devemos evitar, a todo custo, as indiretas na linguagem na roda do círculo bíblico e fora dele. A linguagem intencionalmente dúbia causa grande dissabor à vítima. Para alguns, causa mais sofrimento que uma tapa na cara. As críticas têm que ser positivas e devem ser tratadas a sós com o irmão.

Por Francisco Valmir Rocha - Membro da Pastoral Bíblica de Camocim/CE

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