-NOTAS PARA A COMPREENSÃO DO TEXTO:
-PILATOS – O nome “Pilatos” vem da palavra latina “Pilatus” e significa “cabeludo”. Uma coisa era notória: representando o Imperador Romano no meio dos judeus, ele não se entendia com os judeus. Bancou o tirano e ofendia, frequentemente, os sentimentos religiosos deles(...) Chegou a mandar fazer um aqueduto utilizando o tesouro do templo. Desconfiado de que alguns judeus conspiravam contra ele dentro do templo, mandou matá-los no lugar sagrado.
Ele era o Procurador Romano na Judeia no período de 26 a 36 da era cristã, o que significa que ele foi o juiz no processo de condenação de Jesus. O sinédrio, espécie de senado judeu, pronunciou a condenação e Pilatos ratificou-a, tornou a condenação de Jesus válida. Só que fez isso ao arrepio da Lei, ultrajando a Justiça,pois que ele mesmo declarou que não tinha encontrado nenhum motivo de condenação em Jesus. E lavrou esse ato covardemente, lavando as mãos. Assim, por bem ou por mal, ele entrou no Credo e é conhecido por essa façanha.
-O DRAMA DA PAIXÃO:
Para salvar a humanidade, bastaria que o Filho de Deus morresse por ela. Mas, observando o histórico do julgamento, flagelação e morte de Jesus, fica-se impressionado com os requintes de crueldade, humilhação e sofrimentos pelos quais quis passar o Filho de Deus. Ele quis passar pelas maiores amarguras morais, físicas e psicológicas por que pode passar um ser humano como se Ele quisesse impedir que jamais um ser humano pudesse dizer que sofreu mais do que ele. Senão vejamos! Ele foi vítima da traição de dois amigos, companheiros de andanças e comensais: Pedro e Judas. Todos nós sabemos quanto dói a traição. Todos nós sabemos quanto dói ser vendido por pífias 30 moedas. Ao seu ouvido chegou o grito “Crucifica-o!” exclamado por aqueles mesmos que o tinham aclamado rei ao entrar em Jerusalém. Submeteu-se à humilhação de ser tratado galhofeiramente como um rei de mentirinha e aparecer trajado assim diante de todos que o tinham seguido como Mestre. Sofreu as amarguras psicológicas à vista dos nossos pecados a ponto de suar sangue. Morreu por nós, mas escolheu a morte mais humilhante, a da crucifixão, que era reservada aos escravos, Tão vergonhosa e humilhante que um cidadão romano não podia ser crucificado. Atravessou, com os trajes simplórios de rei (um manto surrado de rei e uma coroa de espinhos), as ruas de Jerusalém para ser crucificado fora dos muros da cidade,”porque criminosos não podiam ser executado dentro das muralhas da Cidade Santa.” (Vide livro “Comentário Bíblico” de Dianne Bergant e Robert J. Karris – pag. 43).
-AS TRAIÇÕES DE JUDAS E PEDRO:
O ilustre biblista Frei Clarêncio Neotti OFM faz interessantes comentários a respeito da traição de Judas e Pedro no seu livro “Ministério da Palavra” – Ano A – pag 94. Vide abaixo trechos entre aspas dele.
Pedro e Judas traíram feio a Jesus. Traição que, com certeza, fez Cristo sofrer muito, visto que eles eram amigos do peito, principalmente Pedro. Além do mais, eles tinham presenciado os milagres de Jesus. Pedro, por exemplo, chegou a andar sobre as águas naquele episódio da tempestade acalmada. Pedro traiu “por medo e orgulho”; Judas,”por decepção e orgulho”. Com certeza, a traição de Pedro foi mais grave, porque ele tinha sido escolhido para representar o próprio Cristo no seio da Igreja e porque ele o negou por três vezes. Entre os dois, porém há uma enorme diferença: Pedro se arrependeu. “Mateus e Lucas dizem que ele chorou amargamente (Mt 26,75, Lc 22,62).Marcos diz que ele caiu em prantos. (Mc 14,72)”. No conhecidíssimo romance “Quo Vadis”, o escritor polonês Sienkiewikz diz que Pedro chorava todas as vezes em que narrava o episódio da traição para os primeiros cristãos reunidos em torno dele e chorou tanto que duas rugas nasceram dos seus olhos.
O episódio da dupla traição traz uma lição importantíssima para nós que também traímos Cristo: não há culpa tão grande que não possa ser perdoada, se sobrevém o arrependimento. Esse pequeno detalhe diferenciou infinitamente a traição de Pedro da traição de Judas.
-CONCLUSÕES:
-O exemplo de Pedro, que chegou a puxar a espada e cortar a orelha de um soldado romano no jardim das oliveiras, deve pôr nossas barbas de molho para não trairmos a Jesus também. Mas Pedro, igualmente, é exemplo para nós no arrependimento, que foi vasto e copioso. Lembremo-nos de que a misericórdia de Deus é infinita, o que significa dizer que não há culpa tão grande que não possa ser perdoada. O importante é não seguir o exemplo de Judas.
Por Francisco Valmir Rocha - Membro da Pastoral Bíblica - Paróquia de Camocim/CE
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