REFLEXÃO DOMINICAL - Mt 4, 12-23 - TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A

OBSERVAÇÕES INICIAIS:

- Este Terceiro Domingo Comum marca o início da vida pública de Jesus. O ponto de referência do seu início é a prisão de João Batista. Jesus tinha 30 anos. De Nazaré, onde morava, passou a residir em Cafarnaum, cidade situada à margem do Lago de Genesaré. Começa convocando os seus apóstolos e passa a pregar o Reino de Deus.

- A esta altura, podemos situar os pontos geográficos, marcos da vida de Jesus:

-nasceu em Belém;
-passou a adolescência e a maior parte de sua vida em Nazaré;
-transferiu-se para Cafarnaum ao iniciar sua vida pública;
-sofreu sua paixão e morte em Jerusalém(...)

NOTAS PARA COMPREENSÃO DO TEXTO:

CAFARNAUM – Cidade da Galileia, situada na margem noroeste do Lago de Tiberíades. Lá moravam Pedro e André. Era uma cidade fronteiriça e muito importante e, por isso, lá estava aquartelada uma guarnição de soldados romanos, chefiada por um centurião. Também havia nela uma famosa sinagoga, atestada em escavações recentes. Por ser uma cidade fronteiriça, “era habitada por gente de diferentes raças: mais gentios que hebreus.” (Vide Frei Clarêncio Neotti in Ministério da Palavra – Ano A – PAG 121).

A escolha feita por Jesus de Cafarnaum, cidade – vamos dizer – pagã, como ponto central de suas pregações, parece indicar que Ele queria mostrar por isso que tinha vindo ao mundo como redentor de todos os povos e não só dos judeus. Entretanto, Cafarnaum, apesar de ter sido palco da pregação maciça de Jesus e ter presenciado a maior parte de seus milagres, não deu provas de conversão nem de aceitação da Palavra de Deus. Por isso, ela foi comparada a Sodoma (Mt 11,23).

OS CRITÉRIOS DE DEUS SÃO DIFERENTES DOS CRITÉRIOS HUMANOS

Os critérios para escolha dos apóstolos, fundamentos da Igreja, estão muito distantes dos critérios humanos. Havia, naquele tempo, muitos homens letrados, conhecedores exímios da Lei, gente considerada merecedora das bênçãos de Javé por estarem a toda hora no templo. Mas Jesus foi procurar seus colaboradores nas praias do Lago de Genesaré entre os “pescadores”, vistos naquele tempo como “pecadores”. Eram vistos como “pecadores” somente porque a sua profissão não era do tipo a propiciar-lhes uma frequência maior ao templo. Os primeiros convocados, Pedro e André, estavam lançando as redes ao mar quando ouviram a voz de Jesus: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens.” Outros que estavam na praia consertando suas redes também foram convidados. Eram os filhos de Zebedeu, Tiago e João. Observamos que, acima da capacidade intelectual, Jesus prezava a “capacidade de amar”. Tanto que, noutra ocasião, Jesus pergunta a Pedro, o baluarte da Igreja: “Simão, filho de Jonas, você me ama mais do que estes outros?” E, em seguida, elege-o pastor de seus cordeiros e de suas ovelhas. A capacidade de amar lê-se na atitude exemplar desses preferidos do Mestre. Ao receberem o convite, mesmo estando ocupados em sua profissão, deixam imediatamente seus apetrechos e a família, e seguem Jesus.

“Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo.”

Jesus exige como condição de uma vida nova a conversão. Conversão ao pé da letra significa mudança de rumo. Os primeiros apóstolos mostram essa mudança de rumo. Ao receberem o chamado do Mestre, apesar de estarem manejando suas redes, com a mão no arado como se diz, deixam tudo e a sua família e seguem a Jesus. É preciso notar que o convite De Jesus não tirava a liberdade deles. Outra podia ser a sua reação. Podia ser a mesma reação daquele jovem rico, que não voltou para seguir Jesus. Mas a atitude imediata deles foi de prontidão para os novos rumos que lhes indicava Deus.

CORAGEM E PRONTIDÃO (Vide pag. amarela de O Domingo de 23.01.2011, de Pe. Paulo Bazaglia).

Coragem e prontidão é o que estão a ensinar a nós, cristãos deste século XXI, os baluartes do Reinado de Deus: Pedro, Tiago e João. As redes e os barcos eram quase tudo o que eles tinham naquele momento. E deixaram tudo sem hesitação, na mesma hora, para seguirem Jesus. Parece que temos muito o que aprender com eles. Andamos muito enlinhados nas redes dos nossos negócios, nos saldos das nossas contas bancárias. É preciso mais coragem e prontidão.

REFLEXÕES:

- Como está nossa prontidão para os serviços de Deus? Às vezes, ficamos perplexos diante da calmaria que sentimos em nossa vida. Ficamos nos perguntando porque nada acontece hoje ao seguir nosso Jesus. Mas, antes de fazer essa pergunta, averiguemos como está a nossa predisposição para os serviços do Reino de Deus. Será que não estamos sempre muito ocupados quando se trata deles?

Por Francisco Valmir Rocha, membro atuante da Pastoral Bíblica de Camocim/CE

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