QUENTE DEMAIS

Será que o Pólo Norte pode ficar sem gelo? Por incrível que pareça, é possível. A cada ano, a extensão do mar congelado na região bate recordes de encolhimento. No fim do verão passado, foi mais de 1 milhão de quilômetros quadrados descongelados (área equivalente a um quinto da Amazônia) – suficiente para abrir uma passagem entre o Atlântico e o Pacífico pelo norte, que antes não existia. Não é à toa que o urso-polar, que depende do mar congelado para caçar focas no inverno, esteja na lista de animais em perigo de extinção e as aldeias de esquimós no Alasca e na Groenlândia, onde os rios que escorrem das geleiras aumentam sua descarga no mar, tenham se mudado para terrenos mais seguros(...)

Tudo isso estava previsto – embora não tão rápido. No ano passado, os jornais anunciaram o resultado dos estudos de cerca de 2,5 mil especialistas mobilizados pela ONU para estudar o clima no planeta. Era a quarta vez que esses cientistas, que compõem o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), apresentavam suas conclusões sobre o aquecimento global, ou o aumento da temperatura da Terra. Nos anos anteriores, porém, foram cautelosos sobre suas causas e menos precisos sobre as conseqüências. Em 2007, eles manifestaram-se com mais clareza. O planeta vai ficar mais quente – na melhor das hipóteses, de 1,1 ºC a 2,9 ºC até 2100. E esse aumento de temperatura não pode ser atribuído apenas a causas naturais. Há também a ação do homem.

O trabalho do IPCC levou o comitê do Nobel da Paz a outorgar o prêmio de 2007 para esse grupo de cientistas, entre os quais estão 61 brasileiros, com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, conhecido no mundo inteiro após o lançamento de seu livro Uma Verdade Inconveniente, que deu origem ao documentário que levou o Oscar do cinema. Os cientistas comprovaram que a humanidade contribui para o efeito estufa ao adicionar toneladas de gases que aprisionam calor na atmosfera (o nome vem da comparação com o vidro de uma estufa de plantas), como o gás carbônico liberado por indústrias, veículos, desmatamento e agropecuária. A temperatura aumenta à medida que a população do planeta cresce, gasta mais energia, consome mais e desmata mais.

EFEITO CASCATA
O aquecimento global já é uma realidade da qual não se pode escapar. Se, de repente, por um passe de mágica, o mundo deixasse de jogar gás carbônico e outros gases do efeito estufa na atmosfera, ainda assim o clima ficaria mais quente. A prova está mais evidente no Pólo Norte, mas também em outras regiões do planeta, assoladas por inundações, furacões, secas e outros fenômenos trágicos. Os efeitos se ampliam como se fossem cascata. A segunda parte do relatório do IPCC, divulgada também no ano passado, detalha isso.

O derretimento do gelo polar, por exemplo, não é apenas uma curiosidade paisagística. Tanto no Ártico como na Antártica, o fenômeno provoca o aumento do nível do mar – uma das piores conseqüências do aquecimento global. Os oceanos já subiram 17 centímetros no último século, provocando mais erosão e ressacas em cidades litorâneas. Com meio metro de elevação, calculam cientistas brasileiros, 100 metros de praia seriam consumidos no nordeste brasileiro. Ilhas-nações do oceano Pacífico e países baixos como a Holanda ou regiões como o delta do Ganges, em Bangladesh, seriam inundados.

FONTE: SITE PLANETA SUSTENTÁVEL

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