REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Lc 16, 1-13 - 25º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C

NOTAS PARA A COMPREENSÃO DO TEXTO

A “RIQUEZA” - DIVERGÊNCIA ENTRE O ANTIGO E O NOVO TESTAMENTO

No Antigo Testamento, a riqueza era tida como uma bênção divina. Era o sinal de que Javé se comprazia com a pessoa e, por isso, a cumulava de bens. Em Provérbios (8,18), lê-se: “Comigo estão a riqueza e a honra, os bens estáveis e a justiça.” Em Provérbios (2,22), há: “É a bênção de Javé que enriquece, e nada ajunta a fadiga.”

No Novo Testamento, temos, porém, o seguinte: “Em verdade, vos digo que um rico dificilmente entrará no Reino do Céu. E vos digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.’ (Mt 19,23-24)(...)


Por causa da divergência de avaliação, “esse tema riqueza preocupava as primeiras comunidades, porque a maioria dos cristãos provinha do meio hebraico, que considerava a riqueza a maior expressão da bênção divina. Jesus tem uma doutrina diferente sobre a posse e o uso da riqueza” (Vide Frei Clarêncio Neotti in Ministério da Palavra – Ano C, Pag. 176).

-“Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens.” - Passando a linguagem antiga para a dos tempos atuais, o que aconteceu? O administrador de um armazém, que podemos chamar hoje de gerente, estava sendo infiel ao proprietário. Então, o dono do armazém, tendo colhido as provas da infidelidade do empregado, chamou-o às contas e comunicou-lhe a demissão. Então, para conseguir emprego depois de sair do armazém, ele procurou conquistar os devedores da firma diminuindo o débito que cada um tinha junto a ela. E o evangelho diz à frente:

-“E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza." Esse versículo não pode ser interpretado literal e levianamente. O Senhor elogiou não a desonestidade do empregado, mas a esperteza dele, a habilidade dele, coisa que ele não via entre os filhos do Reino. E para aplicar o fato aos dias atuais, enquanto muitos estão aí se esbaldando na propagação do mal, os de dentro da Igreja estão apáticos, inibidos, indiferentes. Quantas pessoas dotadas de grandes talentos não os gastam na luta pelo Reino de Deus. Desperdiçam-nos como aquele empregado que foi enterrar as moedas recebidas do Patrão.

- “Ninguém pode servir a dois senhores.”

O servo, para ser fiel ao seu patrão em tudo, tem que amá-lo. O amor, por sua vez, é exclusivista. Há dois senhores muito ciumentos que estão sempre querendo dominar o coração do homem: DEUS e o DINHEIRO. Eis que cada um desses senhores tem leis opostas e jamais podem ocupar a mesma morada. O Dinheiro não pode reinar no nosso coração junto com Deus, mas nós podemos fazer com que ele aprenda a servir ao único Senhor que nós escolhemos no nosso batismo, porque ele também é criatura de Deus. O dinheiro dado como esmola, por exemplo, conquistará amigos que nos receberão nas Moradas Eternas. Agindo assim, em vez de nos separar de Deus, o dinheiro nos
aproximará dele.

CONCLUSÕES:

- O dinheiro, por si mesmo, não nos oferece perigo. O perigo está na sedução que ele exerce sobre nós.

- Não podemos subir na vida deixando nossos companheiros lá embaixo. O nosso lugar, o nosso assento, é lá no meio deles, porque é lá que Cristo está.

- Dirigindo-se a ti, São Bernardo diz: “Ao faminto pertence o pão que conservas; ao homem nu, o manto que manténs guardado; ao descalço, os sapatos que estão se estragando na tua casa; ao necessitado, o dinheiro que escondeste.”

- E, falando concretamente, será que não há roupas, que não vestimos mais, penduradas no nosso guarda-roupa, quando muitos aparecem esmolambados na nossa porta?

FRANCISCO VALMIR ROCHA

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