
No tempo de Jesus, essa pergunta estava no ar, por causa do rigorismo dos fariseus, que reduziam muito o número dos “eleitos”. Para os fariseus, a salvação estava reservada aos judeus tão somente. E desses judeus ainda tinham que ser descontados os “pecadores”, a saber:
- os que não adotavam nem interpretavam farisaicamente a Lei Mosaica;
- os que viviam notoriamente contrários à vontade de Deus: os pecadores públicos, os adúlteros, as meretrizes, os ladrões, os jogadores de dados;(...)
- os que tinham uma profissão considerada indigna para eles, como os publicanos; e os que tinham contato com elemento impuro (sangue), como os curtidores de couro.
- Os que tinham profissão que os obrigavam a viverem afastados do templo: os pastores, os vendedores ambulantes, os pescadores.
- Os que frequentavam a casa dos pecadores. Nesse caso , Jesus também era tido como pecador pelos fariseus.
- Os que tinham defeito físico visível: os cegos, os leprosos.
É PRECISO ENTRAR PELA PORTA ESTREITA – Que porta estreita é essa?
O biblista Frei Neotti diz que, na Palestina, “quando começava a escurecer, fechavam-se os portões da cidade e dos palácios e abriam-se uma pequena porta por onde só passava uma pessoa por vez, podendo-se assim controlar quem entrava e quem saía.” A “porta estreita” ou a palavra “porta” estão sempre no discurso de Jesus. A imagem da “porta estreita” é usada para lembrar que o assunto da salvação é por demais “particular”, “uma decisão pessoal intransferível”. E atenção!
- “O tempo de a porta ficar aberta é a vida terrena.”
- “A entrada no Reino dar-se-á durante a vida terrena.”
- “A morte é o fechamento da porta.” (Frei Neotti in Ministério da Palavra – ano C – pag 165)
Então a porta fechará definitivamente, não adiantará nem bater nela.
“Nós comemos e bebemos diante de ti e tu ensinaste em nossas praças”
Os fariseus que dizem as palavras acima, “nós comemos e bebemos...”, são justamente aqueles que convidaram Jesus para almoçar em sua casa ou que fizeram parte da roda nas praças de Jerusalém. O que acontece é que eles ouviram a palavra, mas não a acolheram no coração. Estiveram presencialmente nas rodas com Jesus, mas não o receberam intimamente na alma. Por isso não são conhecidos na entrada do céu. São forasteiros.
“Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaac e Jacó.”
Essas palavras eram dirigidas aos líderes espirituais judeus (fariseus, escribas), que estavam na roda. Eles contavam gozar do convívio dos seus patriarcas e profetas no Paraíso Celestial. Muito doloroso para eles seria serem expulsos do céu vendo que lá já estavam Abraão, Isaac e Jacó.
A expressão “ranger os dentes” expressa o auge do desespero.
REFLEXÕES:
É PRECISO BUSCAR A “PORTA ESTREITA” – Há muitas portas abertas neste mundo, portas largas, convidativas, em que nós podemos passar com o balaio de nossas riquezas, com as “bugigangas” do nosso luxo e da nossa vaidade. (Pe. Nilo Luza – coluna-laranja de “O Domingo de hoje). Mas é preciso procurar a “porta estreita” do nosso desprendimento. Veremos que por ela estão passando todos os “pobres de espírito”, aqueles que não têm dinheiro e mesmo tendo-o não o entronizaram no seu coração.
CUIDEMOS TAMBÉM PARA SERMOS RECONHECIDOS NOS UMBRAIS CELESTES
Assistir às missas e ouvir as homilias é marcar presença nas rodas de Jesus. Mas só seremos reconhecidos por Ele se o tivermos acolhido no íntimo da nossa alma. De outro modo, seremos forasteiros. Ele, simplesmente, não nos reconhecerá e não nos deixará entrar em sua casa. E é duro ser afastado da presença d’Ele depois de vermos a beleza de seu rosto.
FRANCISCO VALMIR ROCHA
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