
Que não se deve bater com raiva num ser humano, tenha ele a idade que tiver, não se deve! Nem o Estado tem este direito. Ter raiva pode ser um processo instintivo, mas bater com raiva é ir além do sentir, porque se transforma em retaliação e vingança. Ser humano algum, nem mesmo o bandido que acabou de matar uma criança pode ser linchado. Uma sociedade “olho por olho e dente por dente” será uma sociedade terrorista. Bandidos não podem fazer mas fazem porque são desqualificados e bandidos, mas o mocinho não pode! Esta é a ideia(...) Uma sociedade civilizada terá que achar outros métodos de punir ou impedir que um erro se alastre. E não é justo fazer isso matando quem errou, seja espancando, seja torturando. As prisões foram inventadas para isolar o criminoso e não para torturá-lo. Por isso, regimes ditatoriais de esquerda ou de direita, que põem na prisão quem discorda do partido não merecem o nome de democracia. Apoiá-los é apoiar a tortura. Dizer que aquelas mortes são assunto interno de um país e fazer uma lei proibindo os pais de bater numa criança é, no mínimo incoerência farisaica. Pode-se interferir na vida de um casal que ama seus filhos e passa do limite na punição, mas não se deve reagir contra um governo que mata mais de 2000 adversários?
Uma das conquistas da democracia é a premiação ou a punição sem tortura e sem privação desnecessária da liberdade. Uma das conquistas do cristianismo é a proposta do amor, também aos que nos odeiam e fazem o mal. Não seremos terroristas como eles! Usaremos de outros métodos!
Quando se trata da criança ou de alguém incapaz de responder por seus atos, bater torna-se ainda mais cruel. Por isso, nem palmada nem palmadinha! Mas há uma palmadinha dada sem raiva que não é pancada nem violência, feita só para mostrar quem está no comando. Os pais perguntam aos pedagogos, aos sacerdotes e a quem os orienta: esta, pode?
Como processo de formação de uma sociedade sem tapas e pancadas, dizem os pedagogos que será preciso eliminar também este sinal de comando. Propõem outros castigos. Seguramente, mais cedo ou mais tarde alguém questionará também a privação de liberdade temporária, a supressão do celular, a proibição de usar a Internet ou ver televisão. Dirá que isso frustra uma pessoa jovem! Haverá sempre alguém defendendo liberdade total para o indivíduo, que supostamente deve escolher entre o bem e o mal. Mas não há curso de pedagogia que ensine isso a contento. Não há pai ou mãe nem filho criança ou adolescente que conheça a justa medida.
Ao fim e ao cabo, os educadores e as autoridades acabarão optando pela lei do amor e do bom senso. Haverá, então, gestos não violentos, mas claros a avisar que a criança, o adolescente, ou até mesmo o filho adulto passou do limite.
A quem caberá ensinar tais conceitos e tais gestos? À escola, as igrejas e a mídia. E quem ensinará um filho a obedecer o semáforo da vida, já que mal se consegue ensiná-lo a não abusar da moto ou o carro diante dos semáforos da rua? O debate prosseguirá. Castigar, sim, mas como e até que ponto? É nesse “até que ponto” que a maioria dos pais está perplexa. Os deputados que assinaram a lei não estarão lá para orientá-los, posto que alguns deles têm problemas com seus próprios filhos. Nem o juiz, nem os pregadores estarão lá na hora de agir.
É a solidão dos pais. É o Governo, o Congresso, alguém de fora a dizer que não pode, mas ausente na hora de dizer até que ponto!...Leis costumam ter estas incongruências. Que se fortaleça a lei do amor paterno. Costuma ser bem mais misericordiosa que as leis do Estado!
PE. ZEZINHO, SCJ
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