ENTENDENDO A CELEBRAÇÃO DA QUINTA-FEIRA SANTA

A Quinta-feira santa se encontra no cruzamento da Quaresma com a Páscoa. Último dia da Quaresma (até a hora das vésperas); com a "missa da ceia do Senhor", abre-se o tríduo pascal. Ela é a preparação final da Páscoa e inicia já a celebração pascal.

É também o "dia da entrega": Judas entregou o Senhor aos seus inimigos, o Senhor se entregou para nós, sobretudo na eucaristia.

Neste dia combina-se três elementos: a comemoração da última ceia, a reconciliação dos penitentes e os vários ritos preparatórios para os batismos do Sábado Santo, especialmente a consagração dos óleos(...)


Tema Central

O mistério central deste dia é a instituição da Eucaristia e a ceia do Senhor. É a entrega de Jesus na eucaristia, no corpo dado e no sangue derramado por nós. Preparação é a palavra chave, porque tudo é feito em vista da Páscoa. Assim se deu quando o Senhor enviou Pedro e João para fazer os preparativos: "Ide preparar-nos a Páscoa para comermos"( Lc 22,8). A síntese da celebração de hoje é a exaltação do amor/serviço de Jesus Cristo.

Momentos Fundamentais da Celebração

1. Liturgia da Palavra: Ex 12,1-8.11-14; 1Cor 11,23-26; Jo 13,1-15

2. Lava pés: é a dramatização da leitura evangélica. O aparecimento deste rito data de meados do século V em Jerusalém. No início não tinha lugar no quadro da eucaristia. Foi a atual reforma litúrgica que introduziu-o na própria celebração eucarística, depois do evangelho e da homilia. O gesto de Jesus lavar os pés dos discípulos desconcerta e espanta os apóstolos. A cena pode parecer um tanto esquisita, mas na época de Jesus não havia nada de esquisito em lavar os pés dos convidados, era simples gesto de hospitalidade. Desempenhado por Cristo na última ceia, teve um significado bem mais profundo. Transmitiu, antes de mais nada, a mensagem do serviço mútuo. Aí Cristo deu o exemplo perfeito. Cristo com este gesto, profetiza sua própria morte. A lavagem dos pés dos discípulos simbolizou o ato supremo de serviço amoroso à humanidade, sacrifício expiatório de Cristo. Sua mensagem é que não somente devemos imitar o espírito de serviço de Cristo nas menores coisas, mas estarmos preparados para segui-lo em todo caminho.

3. A solene transladação do Santíssimo Sacramento: é um gesto prático: levar a um lugar designado o pão eucarístico dado que a Sexta-feira santa é dia alitúrgico, sem celebração de missa, mas dia em que se comunga. Após a missa, o sacerdote, acompanhado de seus ministros, leva o santíssimo sacramento em procissão até o altar da reposição. É uma procissão solene, evoca a festa do Corpo e Sangue de Cristo. Na reforma atual a Igreja quer que se evite toda ideia de sepulcro e se faça a adoração da eucaristia somente até a meia-noite em ação de graças pelos dons concedidos pelo Senhor, devendo-se depois dar lugar ao pensamento da paixão, logo que começar a meia-noite, ou seja, a Sexta-feira santa. Caso a adoração se prolongue além da meia noite, seja feita sem qualquer solenidade. A adoração deve caracterizar-se por luzes e flores, enfatizando o dom do Senhor, o "dom do sacrifício pascal", que é precisamente o mistério da morte de Jesus. "A Quinta feira santa não é só dia do "corpo do Senhor", mas também dia do "corpo do Senhor oferecido e de seu sangue derramado em sacrifício"; é, na verdade, dia do memorial de sua morte pascal". (E. Eliaga). O que deve marcar esta noite é a oração.

4. Desnudamento do altar: é um gesto simbólico, e por vezes dramatizado, como lembrança do desnudamento de Jesus. É feito em silêncio após a celebração.

Esses dois últimos ritos foram acrescentados à liturgia eucarística com o passar do tempo. A transladação da reserva eucarística constitui um gesto prático que se desenvolve a partir dos sécs. XIII-XIV em concomitância com a devoção de "ver" a hóstia consagrada. O desnudamento é um gesto funcional, como o era ainda no séc. VII, quando se adornava o altar com toalhas somente para a celebração da eucaristia; tornando-se um gesto simbólico, será dramatizado em memória da desnudação de Jesus de suas vestes.

A consagração dos santos óleos

A assim chamada "Missa do Crisma", reservada para o período da manhã deste dia, mas que poderá ser também antecipada para um outro dia próximo da Páscoa (cf. Decreto da Congregação do Culto Divino de 3 de dezembro de 1970), evidencia o clima de uma verdadeira festa do sacerdócio ministerial no interior de todo o povo e orienta a atenção para Cristo, cujo nome significa "consagrado por meio da unção" (cf. Lc 4, 18; At 10, 38; Hb 1, 9). O bispo, que concelebra a missa com seus presbíteros, benze os santos óleos e consagra o crisma. São bentos também nesta celebração o óleo dos catecúmenos para todos os que lutam para vencerem o espírito do mal, e o óleo dos enfermos, para a unção sacramental daqueles que, na doença, completam em si aquilo que falta à paixão redentora de Cristo. Desse modo, também se significa a referência de todos os sacramentos ao mistério pascal, que começa a celebrar-se de forma tão solene com a comemoração da entrada messiânica em Jerusalém.

FONTE: C.Ss.R.REDENTOR

Nenhum comentário :