O homem na busca de se encontrar consigo, se depara com o real de si e se percebe na dimensão idealizadora do ser. Enquanto ser criatural dotado de inteligência e sentimento, ele se vê numa realidade de dor e sofrimento, pois não tem coragem de se ver, de se assumir com ser falho, com capacidade de errar. Quando nos escondemos de nós mesmos, logo percebemos que estamos nos omitido do que somos. Deus na sua infinita bondade nos cria trazendo em nós a marca indelével de sua IMAGEM e SEMELHANÇA, sem máscaras, sem fantasias, sem maquiagem. Mas, nos cria na crueza da realidade do que somos, com toda a potencialidade de queda, como também de erguimento e é no contrário que Ele nos convida a viver o real do humano, sem travestir personagem idealizada(...)O indivíduo movido pela ideologia da contemporaneidade corre em busca de alcançar um perfil de pessoa idealizada pelo próprio sistema. Pessoa essa, que parece ser mais uma cópia de atores e atrizes, encharcada de produtos de beleza, de roupa da moda, de uma vida mais laxista na dimensão da sexualidade, do descompromisso com a sociedade e com o próximo. Claro, que tudo isso é a busca de permanecer no padrão exigido para estar em harmonia com o que é o normal, com o que esta em volga. Quando vejo essa realidade, logo me vem à pergunta: A onde está o humano desta pessoa que se monta para os outros? O que esta escondendo? Qual é a verdadeira fase sem maquiagem e sem máscara?
Esse perfil criado para a figura humana não deixa de ser uma fuga do real que existe dentro dela. E como isso é sofrido. Quantos homens e mulheres buscam uma máscara para serem aceitos, vistos, criando uma fase desfigurada do real. Como é ruim usar máscaras, como é cômodo usar máscaras. Afinal que nós somos de verdade?
Pode ser até uma pergunta filosófica quando nos perguntamos: “Quem nós somos?”, porém, mais que uma pergunta é um dilema da modernidade, principalmente para os jovens, que geralmente não sabem quem são e vivem buscando máscaras para se adequar a um padrão estabelecido. Isto vai gerando no jovem a morte do “humano” que existe nele, pois não sabe o que é o amor próprio, não aceita o real que existe dentro dele, descarta a verdade da vida (família, trabalho, amigos) e busca se travestir da mentira, não suportando a realidade da sua pessoa (vida).
O encontro verdadeiro com Jesus Cristo nos permite reconhecer o limite da nossa humanidade, pois Ele busca em nós o que há de mais humano, para resgatar o divino adormecido. Deixar as máscaras caírem é se permitir o “não aceito”, é se amar sem gerar nenhuma cobrança, é olhar a vida como grande palco onde a história da minha vida é contada, tendo eu como personagem principal. Deixar as máscaras caírem é o ato mais bravo de uma pessoa, pois é caminho para o mais verdadeiro que há nela, é saber que não há necessidade de se revestir de algo que não é, mas ter a paciência de se entender no paradoxo da vida. É Transfigurar o Cristo que existe dentro da pessoa, pois ela é obra prima do Criador, que não necessita de pinturas e nem de máscara, só precisa do indivíduo para resplandecer a beleza do humano que existe em cada pessoa. Não se faz necessário buscar fantasias para sermos bons, bonitos e aceitos. Porém, precisamos nos encontrar (o Eu dentro de mim) para encontrar Deus que está em cada um.
Portanto, deixar cair as máscaras é um grito forte de liberdade, pois gera no homem a autonomia do ser e a verdade do real que existe nele. Jesus deseja hoje desnudar a nossa humanidade coberta de fantasias e máscaras para exaltar o belo e o real que existe em cada um. Tire as máscaras e seja você!!!
Pe. José de Anchieta Aguiar Vasconcelos
02 de Março de 2010 (Retiro diocesano de Tianguá)


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