DE VOLTA ÀS CATACUMBAS

Não podendo exercer em público sua fé, os primeiros cristãos, por largos períodos recorreram aos cemitérios daquele tempo. Iam orar perto dos mortos em catacumbas, até hoje preservadas. Os imperadores baniram a nova fé em defesa dos seus deuses.

Uma decisão da corte europeia na primeira semana de novembro de 2009 baniu os símbolos religiosos entre eles o crucifixo, das salas de aula(...)
Por trás da decisão está a laicização e a radicalização de algumas sociedades ditas modernas. Baseadas nos direitos de todos proíbem símbolos de apenas uma religião em lugares públicos. Ou se permite todos ou não se permite nenhum, mesmo que aquele país seja, na sua imensa maioria cristão. É evidente que os países muçulmanos não farão o mesmo. Então, é atitude de países que já foram cristãos e agora não lutam mais pelo seu direito de ostentar sua fé em público. Os muçulmanos não estão nem aí nos países onde são maioria. Lutam pelo seu direito.

Levada a sério, amanhã serão banidas as Bíblias nas lojas, os monumentos à Bíblia, os crucifixos, as vestes das freiras católicas e das muçulmanas, véus e chadores, porque são símbolos públicos de uma fé. E quem ostentar crucifixos no peito poderá estar sujeito à multa. Levado ainda a extremos, só se permitirá símbolos religiosos dentro dos templos e dos lares. Nem mesmo na fachada dos edifícios, dos templos e nas torres será permitido ostentar sinais. Quem os quiser terá que entrar no templo. Nomes nas fachadas, então nem se fala! Não se permitia nos estádios, nos tribunais e em qualquer lugar público que alguém faça propaganda de sua fé.

Se a moda iconoclasta pegar, a religião terá sido levada de volta às catacumbas. Os não religiosos terão vencido, mesmo sendo eles a minoria que sempre serão. Da intolerância dos religiosos de ontem passamos à intolerância dos não religiosos de hoje. Não querem ter que ver os sinais dos outros. Mas os outros terão que ver os seus sinais, posto que algumas imagens pagãs classificadas como esculturas registram cenas de ateísmo ou se paganismo. Estas também teriam que ser banidas das universidades, das praças e dos frontispícios. E de quebra teriam também que ser retirados das escolas desenhos, estátuas, gravuras ou pinturas que façam propaganda do ateísmo. Inclusive os símbolos da maçonaria e da rosa-cruz. A Venus de Milo, as estátuas de Hércules, as de alguma deusa da antiguidade teriam também que ser banidas. Afinal, lembram outra fé. Se um não pode, também o outro não deve. De radicalização em radicalização teremos quebras de crucifixos, de estátuas, de monumentos, de pinturas e esculturas que lembram qualquer religião de ontem ou de hoje.

Já prevejo o quadro: virão os jurisconsultos a dizer: “isto pode, isto não pode!” E de “pode-não-pode” acabaremos onde estamos: o cidadão que paga imposto, tem o direito de exibir em público os seus símbolos. A minoria também terá direito de trazer o seu, As escolas e tribunais terão, então cada qual um panteón onde caberão todos os símbolos e todos ficarão felizes. Maioria e minoria. Tudo democraticamente muito legal! Mas assim mesmo, eles terão vencido. Países de maioria católica poderão levar cruzes no peito, evangélicos poderão ter seus sinais, mas terão que aceitar os símbolos de três alunos muçulmanos e dois budistas. As meninas muçulmanas poderão usar suas vestes, mas terão que se abster de pregar a sua fé e orar do jeito delas nas escolas.

Quem viver verá aonde nos levará a nova iconoclastia. Ah! Ficarão também proibidas imagens de ursos, águias, foices e martelos, cruzes nazistas e outros sinais que possam significar uma volta a tais doutrinas. E os casais não poderão usar alianças, porque talvez digam alguma coisa em público!... É, pois é! Há direitos que parecem Direito, mas já nascem tortos. Discriminam e incriminam!

FONTE: Pe. Zezinho, scj

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