NOSSA HISTÓRIA DE AMOR...

O amor é uma construção diária, uma estrada a ser percorrida sem pressa de chegar ao destino. Percebo hoje mais do que nunca que sou apenas um aprendiz deste sentimento, aluno da escola da vida, um eterno admirador daquela que escolhi como minha grande companheira para dividir a vida, os sonhos e a minha história. Estamos escrevendo esse lindo poema de amor a dez anos, e hoje, num desses ímpetos que brotam de um coração apaixonado, senti um desejo muito grande de partilhar um pouco do que vivemos ao longo desses anos(...)
Quando a vi pela primeira vez, senti algo muito parecido com o que Khalil Gibran, grande poeta libanês, descreve em um dos seus poemas, quando diz: "É aquele momento em que a Vida passa da sonolência para a alvorada. É a primeira chama que ilumina o íntimo mais profundo do coração. É a primeira nota mágica arrancada das cordas de prata do sentimento. É aquele momento instantâneo em que se abrem diante da alma as crônicas do Tempo, e se revelam aos olhos as proezas da noite, e as vozes da consciência. Ele é que abre os segredos da Eternidade para o futuro.
O primeiro olhar é como o espírito que se movia sobre a face das águas e deu origem ao céu e à terra, quando o Senhor sentenciou: "E agora, vivei!"
Foi indescritível! Há momentos que transcendem o tempo e se eternizam nas entrelinhas da história. Esse foi um desses instantes. Tudo indicava que nossas vidas nunca mais seriam as mesmas, o céu conspirava ao nosso favor, era o começo de uma nova canção, o início daquela vibração mágica que une duas almas num só coração, a ponte entre o silêncio dos sentimentos e a própria melodia.
Em 21 de janeiro de 1994 demos o primeiro passo nessa longa jornada, caminhando para o desconhecido, mas acreditando naquele primeiro olhar, naquela semente pequena que começava a nascer. Mal sabíamos que aquela semente se transformaria num grande jardim florido e repleto de surpresas. Acreditei no que sentia e aceitei o desafio. O tempo, mestre implacável, instrumento de Deus de todas as horas, nos conduzia e nos mostrava o caminho. Quando tudo parecia tranquilo e previsível, o inesperado. A ida para o seminário em 1995 foi mais desses propósitos de Deus para amadurecer o que sentíamos um pelo outro. Lembro-me que não foi fácil entender as razões de Deus para o que estava acontecendo. Sentia-me dividido entre o sonho do sacerdócio acalentado desde a infância e a aquele sentimento tão profundo que me envolvia. Tomamos a decisão mais sábia e também a mais dolorosa.
Vivemos este período de afastamento, mas quis Deus que nos reencontrássemos e continuássemos a escrever a nossa história. Fomos abençoados em matrimônio no dia 30 de outubro de 1999 e desde então estamos juntos, descobrindo como se conjuga o verbo "amar". Nem tudo foi fácil, nem sempre a nossa vida foi um mar de flores. Houve dias em que precisei sentir a força daquele primeiro olhar de novo e perceber que o amor jamais acaba, ao contrário, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. As dificuldades nos fizeram descobrir o quanto precisamos um do outro e o quanto somos felizes juntos. Aprendi que o amor resiste à distância, ao silêncio e as provações do tempo. O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Cito novamente o poeta do amor:
"Aqui o Amor começa a traduzir a prosa da Vida em hinos e cânticos de louvor, com música que é preparada à noite para ser cantada durante o dia. Aqui a força do amor despe-se dos seus véus, e ilumina todos os recessos do coração, criando uma felicidade que só é excedida pela da Alma quando se encontra com Deus".
Vale a pena viver o matrimônio numa perspectiva de fé, buscando na oração e na Eucaristia a força necessária para enfrentar as tormentas do dia-a-dia. Hoje entendo que a minha Jeane, é dádiva de Deus, o maior presente que eu poderia receber na vida e tudo isso que partilhei é apenas o começo de uma longa história...

CÉSAR AUGUSTO ROCHA