QUEM SÃO OS FARISEUS?

QUEM SÃO OS FARISEUS?

Seu nome significa "os santos", "os separados", a comunidade verdadeira de Israel .
São pessoas muito religiosas, piedosas.

O FARISAÍSMO

Jesus e as primeiras comunidades cristãs entraram em conflito com aqueles fariseus que vinculavam a busca de Deus ao cumprimento da Lei. É o "farisaísmo", tentação permanente na comunidade cristã, ainda hoje. Nós nos referimos de modo geral a essa classe de fariseus(...)

Esses fariseus se preocupavam sobremaneira em cumprir todas as leis e tradições religiosas. Preocupavam-se também com que outros também as cumprissem. Para eles o mais importante em sua relação com Deus é a Lei religiosa. Ela é o verdadeiro tesouro de Israel. É mais importante do que o Templo. Eles são "o povo da Lei". São geralmente pessoas saídas do povo: artesãos, pequenos comerciantes, camponeses. Todavia, embora procedam do povo, desejam estar "separados" dele: o povo para eles é muito ignorante em questão de Lei e, sobretudo, é impuro, pois não a cumpre: "maldito" (cf. Jo 7, 45-49).

LEGALISTAS

Eles próprios haviam acrescentado à Lei muitas "leis" e "tradições". Tinham um princípio: "É preciso pôr uma cerca em torno da Lei". Para quê? Para impedir que ela fosse violada por ignorância. Por isso formularam 613 "leis" complementares (248 mandamentos e 365 proibições), difíceis de aprender e, sobretudo, de cumprir. Elas regulamentavam minuciosamente a vida, especialmente a observância do sábado e a pureza necessária para o culto. Chamavam essas "leis" de "tradição oral" (inventadas por eles). Para os fariseus, essa tradição tinha o mesmo valor - ou até maior - que a Lei escrita: "Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, sequer com um dedo" (Mt 23, 4).
Esperavam uma intervenção divina, a vinda do "Messias", que livraria o povo do jugo dos romanos. Preparavam-se para esse "dia" com a oração, com o jejum e, sobretudo, com a observância fiel de todas as leis, particularmente a lei do sábado.

RITUALISTAS

Esses fariseus se preocupavam muito com as ações obrigatórias para se aproximar de Deus, da oração, do Templo e dos atos de culto com pureza. Importava-lhes mais a pureza de coração e da vida. Possuíam e possuem inclusive um livro inteiro (o Levítico, sobretudo os capítulos 11 a 16) que explica as regras de pureza. Sua obsessão por ela os levava a evitar o contato com toda realidade considerada "impura", pois o "impuro" é contagioso. O simples toque com o impuro os tornava impuros, impedindo-os de relacionar-se com Deus.
Eram impuros:

- o sangue e tudo o que toca, pois, segundo eles, é a vida;
- toda secreção sexual;
- os utensílios sujos (copos, pratos, talheres...). Era necessário lavá-los mais vezes, escrupulosamente (lc 11, 39);
- certos animais que a Lei proibia comer. Não restava aos fariseus outra solução senão abster-se deles a fim de não "se mancharem" (Mt 15, 10);
- o cadáver de animal ou e pessoa: ficava "impuro" diante de Deus não somente quem o tocasse, ainda por necessidade, mas também quem pisasse num sepulcro, num túmulo, mesmo sem sabê-lo (Lc 11, 24);
- as pessoas atingidas por alguma enfermidade repugnante, especialmente as da pele, como a lepra. Eram intocáveis.
- os judeus que tinham determinados ofícios ou ocupações considerados "impuros": publicanos ou cobradores de impostos, prostitutas, pastores, médicos etc. Sentar-se com eles à mesa, hospedar-se em suas casas, "contagiava" (Mt 9, 9-13; Lc 19, 1-7);
- os que não eram judeus, coniderados como pagãos. Contagiava o simples fato de entrar na casa deles (Jo 18, 28).

Os fariseus tinham obsessão por banhos rituais, sobretudo o das mãos "impuras" por terem tocado algo de "impuro". O fariseu piedoso fazia suas abluções pessoais com água, acompanhadas de uma oração, até sete vezes ao dia.

ATITUDES DE JESUS DIANTE DOS FARISEUS

De acordo com os evangelhos, sobretudo os fariseus-doutores da Lei se encontravam entre os principais inimigos de Jesus e das primeiras comunidades cristãs.

Jesus os desmascara diante do povo

Publicamente e sem medo Jesus os convidou à penitência:
- fazendo-lhes ver sua hipocrisia por serem cumpridores "de fachada", cheios de podridão por dentro (cf. Lc 11, 39-41);
- enfrentando-os em sua mentira e falsidade quando, preocupados com os detalhes de uma observância e ritualismo rigorosamente exatos, abandonam o amor, o bom coração, a lealdade que o Deus da vida pede, coisas que estão na base de toda lei;
- dizendo abertamente que converteram seu agir, seu ministério religioso, num espetáculo visível;

Jesus escandalizou os fariseus não só com o que fazia, mas também com o modo: agiu sempre espontaneamente, com toda naturalidade, com senso comum, com misericórdia, sem divinizar tradições, leis, convencido, como se o próprio Deus agisse e falasse por ele. Sua liberdade era ímpia para eles. Não podia ser o Messias de Deus que eles esperavam (Jo 9, 16), e o incluíram "entre os fora-da-lei" (Lc 22, 37), um blasfemador com pretensões propriamente messiânicas (cf. Mc 14, 61-64).

FÉLIX MORACHO

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