ESTUDO BÍBLICO SEMANAL - O TEMPLO E AS SINAGOGAS NA ÉPOCA DE JESUS

No tempo de Jesus cada comunidade judaica tem a sua sinagoga. Chega-se a pensar que essa instituição seja tão antiga quanto o próprio povo de Deus (At 15, 21).
A sinagoga é o lugar onde os judeus se reúnem para o serviço divino: a oração e a instrução religiosa. É a "casa do ensinamento". Para o judeu homem a instrução religiosa recebida do pai (essa era parte da responsabilidade do progenitor desde que o menino completava 4 anos) prossegue na sinagoga(...)
Os judeus tinham um só Templo, o de Jerusalém. No tempo de Jesus, porém, havia em Jerusalém cerca de 480 sinagogas. Em qualquer lugar, dentro e fora da Palestina, onde residisse certo número de judeus, havia uma sinagoga.
As sinagogas estão voltadas para Jerusalém. São retangulares e no fundo há um nicho que contém um cofre com os rolos ou volumes das Escrituras. Há um estrado para o leitor e o comentarista.
Nas sinagogas reservam-se algumas poltronas para as pessoas importantes, assim como para os doutores da Lei e sacerdotes. Em Mt 23, 6 fala-se de "primeiros lugares nas sinagogas". É aí que os doutores da lei gostam de sentar.
Homens e mulheres ficam rigorosamente separados na sinagoga. Os homens sentam-se em almofadas no chão, ao passo que as mulheres com as crianças e escravos ficam de lado, parados. Há sinagogas em que a parte destinada às mulheres possui uma entrada especial, de modo que elas não tenham qualquer contato com os homens. O culto nas sinagogas só era celebrado quando estavam presentes pelo menos 10 homens livres. O número das mulheres não era levado em conta. Em certas ocasiões, alguns homens escravos eram liberados para completar o número de 10. Mulheres, crianças e escravos não tinham obrigação de assistir ao culto da sinagoga.
Por meio das sinagogas disseminadas nas cidades e campos forjam-se a mentalidade e a piedade do judeu. Através da sinagoga o judeu é guiado espiritualmente e o povo é doutrinado. Praticamente são os doutores da Lei-fariseus que animam as reuniões nas sinagogas. São eles que dirigem a celebração da palavra, supervisionam o andamento diário da comunidade, funcionam como juízes nos litígios e casos que se apresentam. Homens piedosos e conhecedores da Lei consideram como sua obrigação difundir suas ideias e sua vivência religiosa. Dessa forma aumentam a sua influência sobre o povo. As sinagogas, portanto, são como pequenas capelas, centros próximos, nas aldeias, onde se celebra a Palavra, se educa o povo, se ventilam os assuntos da comunidade e se administra a justiça. Tudo isso está nas mãos dos doutores da Lei-fariseus.
O chefe de cada sinagoga é escolhido entre os notáveis da aldeia ou do bairro, de preferência um doutor da Lei. Ele organiza a oração, designa os leitores da Sagrada Escritura e convida as pessoas a fazer o comentário do que foi lido (cf. Lc 4, 16-20). Em princípio, todos os judeus homens com mais de 12 anos (idade em que já são obrigados a frequentar) podem ler a Torá. O sacerdote não tem nenhuma função diretiva na sinagoga, nem ocupa lugar determinado.

FÉLIX MORACHO