REFLEXÃO DOMINICAL - Mc 6, 1-6 - ANO B - 14º DOMINGO DO TEMPO COMUM

NOTAS PARA COMPREENSÃO DO TEXTO
NAZARÉ - No tempo de Jesus, Nazaré era apenas uma pequena aldeia, situada na região da Galileia, muito próxima de Caná, lá onde houve o milagre da transformação da água e vinho. Sabe-se que entre Nazaré e Caná havia certa rivalidade como costuma acontecer hoje entre cidades vizinhas. Lá Jesus passou a maior parte da sua vida, cerca de trinta anos; por isso, ele está ligado extremamente a Nazaré. Ele é chamado "O Nazareno". Sobre a sua cruz, havia a inscrição: "Jesus Nazareno, rei dos judeus". Os discípulos de Cristo eram chamados de "nazarenos" antes de receberem o nome de "cristãos". Nazaré era também a cidade de Maria como Belém era a cidade de José. Lá, ela se criou e lá recebeu a visita do anjo Gabriel; por isso, ela é louvada em nossos cantos como "Maria de Nazaré"(...)
Hoje, Nazaré é uma cidade movimentada por causa do turismo religioso e é dominada pela Basílica da Anunciação, uma das igrejas mais belas do mundo, conforme alguns. Lá ainda corre a fonte de água, que Maria teria frequentado com seu cântaro, para abastecer a casa.

A DISCRIMINAÇÃO SOFRIDA POR CRISTO EM NAZARÉ

Conforme escreve o biblista Frei Clarêncio Neotti no seu livro "Ministério da Palavra - Ano B - pág. 158", este era o roteiro seguido no culto aos sábados, na sinagoga de Nazaré: "Depois de uma oração, lia-se um trecho, ou em torno da Lei ou em torno dos Profetas. Então, alguém de mais de trinta anos tecia um comentário e, por fim, era dada a bênção de Aarão (Nm 4, 24-26). "Jesus, que já tinha mais de 30 anos, apresentou-se um dia e começou a comentar o texto sagrado com a autoridade com que sempre falava em público, dando as interpretações próprias e sábias às passagens. Ora, os nazarenos o conheciam desde pequeno, tinham acompanhado a sua formação. Sabiam que Ele era apenas um carpinteiro da região, que ajudava seu pai José nas labutas com o serrote e que não tinha tido tempo nem meios de cursar as escolas rabínicas. Alguns fariseus que estavam ali notaram isso. E as curas dos doentes impondo-lhes as mãos com que autoridade as fazia?
"Este homem não é... irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?
O uso das expressões destacadas acima "seus irmãos, suas irmãs" para tentar provar que Maria teve vários filhos é tão velho e incipiente que já não é mais utilizado por quem estudou a Bíblia. Senão vejamos! Embora o evangelho de Marco tenha sido escrito originalmente em Grego, seu autor foi influenciado pela "cultura hebraica". É o que nós chamamos de "hebraísmo". A cultura hebraica não discriminava os diversos tipos de parentes como nós temos hoje. Usava esta palavra "irmão" para designar todos os parentes próximos que nós temos hoje: primos, sobrinhos, tios. Por exemplo, em Gênesis 13, 8, lemos: "Abraão disse a Ló: que não haja discórdia entre mim e ti, entre os meus pastores e os teus, pois somos irmãos..." Deixa que nós sabemos que Ló era, na realidade, sobrinho de Abraão, como lemos em Gn 12, 4: "Abraão tomou sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló..." Então, na passagem acima, são chamados pelo nome "irmãos" os parentes de Maria em todos os graus.
REFLEXÕES:
Como estão as reuniões dos movimentos e pastorais nas quais fazemos parte?
Será que o uso da palavra é de uso restrito dos chamados "instruídos" e que só cabe aos da roda confirmar com a cabeça?
Como acolhemos a fala desconsertada dos que nem sabem se expressar direito? Será que Deus não pode falar também pela boca deles como fez pela boca de Pedro?

Francisco Valmir Rocha

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