“Se eu dou comida aos pobres,
Eles me chamam de santo.
Se eu pergunto por que os pobres
não têm comida,
eles me chamam de comunista”
(Dom Helder Câmara)
“Em 1986, tombava assassinado à bala o Pe. Josimo: estava envolvido com os pobres trabalhadores do campo, posicionando-se a seu lado. Por isso pesava sobre ele ameaça de morte. E continuou firme. Em seu testamento revela o significado desse compromisso e sua disposição de entregar-se: (...) ‘Nem o medo me detém. É hora de assumir. Morro por uma causa justa. Agora quero que vocês entendam o seguinte: tudo isto que está acontecendo é uma consequência lógica do meu trabalho, na luta e defesa pelos pobres, em prol do Evangelho. A minha vida nada vale em vista da morte de tantos pais lavradores assassinados, violentados, despejados de suas terras. Deixando mulheres e filhos abandonados, sem carinho, sem pão e sem lar’. (...) A esperança cristã nada tem de passividade. O contrário do cristianismo é esperar sentado. Quem entende a ressurreição do Cristo como um arrebentar a morte, a escravidão, o pecado, e como uma abertura definitiva para a vida nova, para a liberdade, para a Justiça, é lógico que seja um revolucionário. Não se pode ser cristão, se não se é revolucionário. Não se pode ser cristão, se não se é utópico. Não se pode ser cristão, se não se é, no melhor sentido, ativista” (Libânio. Deus e os homens... pg.83s).
“Frente à religiosidade tradicional teocêntrica (que aponta para seres intermediários, santos, na busca das bênçãos de um Deus – “Pai” – distante, para corpos alquebrados num “mundo perdido”), o cristianismo de renovação, mais antropocêntrico, cria Comunidades Carismáticas e Movimentos Espirituais que visam uma experiência psicológica e íntima do Espírito de Deus na própria pessoa, atestando pois os dons da presença vivificante do Deus vivo no mundo. Por sua vez, o cristianismo de libertação, mais historiocêntrico, inventou as Comunidades Eclesiais de Base e as Pastorais engajadas: elas criam uma espiritualidade em torno do seguimento do Senhor Jesus na práxis histórica libertária, questionando assim os senhores deste mundo injusto e militando gratuita e vigorosamente por um mundo melhor. Trata-se de uma experiência de Deus através do compromisso social” (Aragão, Gilbraz. O cristianismo diante do pluralismo religioso. Fragm. Cult. No. 6, pg. 1346).
“A Terra, é, segundo notáveis cientistas, um superorganismo vivo, denominado Gaia, com calibragens refinadíssimas de elementos físico-químicos e auto-organizacionais que somente um ser vivo pode ter. Nós, seres humanos, podemos ser o satã da Terra, como podemos ser seu anjo da guarda bom. Esta visão exige uma nova civilização e um novo tipo de religião, capaz de re-ligar Deus e mundo, mundo e ser humano, ser humano e a espiritualidade do cosmos. O cristianismo é levado a aprofundar a dimensão cósmica da encarnação, da inabitação do espírito da natureza e do panenteísmo, segundo o qual Deus está em tudo e tudo está em Deus. Importa fazermos as pazes e não apenas uma trégua com a Terra. Cumpre refazermos uma aliança de fraternidade/sororidade e de respeito para com ela. E sentirmo-nos imbuídos do Espírito que tudo penetra e daquele Amor que, no dizer de Dante, move o céu, todas as estrelas e também nossos corações. Não cabe opormos as várias correntes da ecologia. Mas discernirmos como se completam e em que medida nos ajudam a sermos um ser de relações, produtores de padrões de comportamentos que tenham como consequência a preservação e a potenciação do patrimônio formado ao longo de 15 bilhões de anos e que chegou até nós e que devemos passá-lo adiante dentro de um espírito sinergético e afinado com a grande sinfonia universal” (Boff, Leonardo. Desafios ecológicos do fim do milênio. Folha de São Paulo, 12/5/96).
E não são apenas cristãos que experimentam a Deus como amor, através do compromisso social, político ou ecológico. “Há uma percepção difusa, uma certa sensibilidade desenvolvida em grupos minoritários, especialmente de jovens, intelectuais, adultos recém-entrados na vida profissional, mulheres e marginalizados étnico-culturais, de que a humanidade mesma está em perigo. Trata-se, portanto, de defender a sobrevivência física, psíquica e espiritual da civilização. As ameaças vêm de muitas partes: a terrível espiral mútuo-alimentadora da produtividade e do consumo, a frieza tecnocrática nas decisões sob formas autoritárias, antiparticipativas e altamente elitistas, extrema racionalização dos objetivos geradora de esterilidade afetiva, esfriamento nas relações humanas, uma razão programadora e calculadora que embota a sensibilidade, uma desigualdade instituída como norma e sofisticadamente mantida mesmo nos países mais avançados, um doloroso anonimato reforçado pelo inchamento das cidades e secundarização das relações humanas, a escalada atemorizante da violência urbana e no campo, a percepção de viver-se numa ordem selvagem, anômica e sem-ética.
Frente a esta percepção global da sociedade surgem esses movimentos alternativos lutando por valores antagônicos à ordem estabelecida: incremento de criatividade, busca de auto-realização, reconhecimento dos sentimentos e emoções, sensibilidade para o novo, responsabilidade social, libertação dos sentidos, naturalidade, espontaneidade, atmosfera humana de amor e ternura, autonomia, implantação de nova ordem de liberdade, aberta aos problemas, pluralista, sem violência e repressão de qualquer tipo que seja. Esta aspiração vai tomando formas no movimento feminista, no movimento de defesa dos consumidores, no movimento ecológico, no movimento de minorias étnico-culturais, no movimento de reforço da consciência nacional contra forças opressoras internacionais, numa gama bem diversa de grupos de auto-ajuda psicológico-terapêutica” (Libânio. Deus e os homens... pg. 90).
O SAL DA TERRA (Beto Guedes/Arnaldo Bastos)
“Anda, quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar
Tempo, quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo mundo
Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver
A paz na terra, amor
O pé na terra
A paz na terra, amor
O sal da terra
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave nossa irmã
Canta , leva tua vida em harmonia
Que nos alimenta com teus frutos
Tu que és do homem a maçã
Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Pra melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois
Deixa nascer o amor
Deixa fluir o amor
Deixa crescer o amor
Deixa viver o amor
O sal da terra”.
PARA DINÂMICA DE GRUPO:
COMO EXPLICAR O EMPENHO E ATÉ A ENTREGA DA VIDA DE MILITANTES DOS MOVIMENTOS SOCIAIS E RELIGIOSOS, NA BUSCA DE CRIAR UMA SOCIEDADE ALTERNATIVA, MAIS JUSTA E AMOROSA?
COMO É A EXPERIÊNCIA DE DEUS QUE ACONTECE NA VIDA DE QUEM SE COMPROMETE COM O AMOR AO OUTRO, OU A UMA CAUSA ECOLÓGICA OU POLÍTICA?
mpo específico de atuação dos leigos/as é no campo político e nas esferas sociais"
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