CARTA FRATERNA AO PE. MARCELO
ROSSI SOBRE SUAS DECLARAÇÕES À FOLHA DE SÃO PAULO – EDIÇÃO DO DIA 29/04/2013
O Conselho Nacional do Laicato do
Brasil (CNLB), reunido na XXXII Assembleia Geral Ordinária de 30 de maio a 02
de junho de 2013, em Cuiabá/MT, apresenta algumas ponderações referentes às
declarações emitidas sobre as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e o
engajamento sócio-político dos cristãos leigos e leigas...
Em primeiro lugar, é preciso
salientar que tais declarações ferem gravemente os princípios basilares da
Doutrina Social da Igreja, bem como os incontáveis direcionamentos e
orientações pastorais presentes nos documentos oficiais da Igreja. Eis algumas
dessas considerações:
O Concílio Ecumênico Vaticano II
denunciou: “O divórcio entre fé e vida cotidiana é um dos mais graves erros do
nosso tempo” (GS 43,1). Os cristãos bispos católicos da América Latina
e do Caribe, em sua III Conferência, em Puebla no México, alertaram: “Não
existe fé autêntica sem um consequente compromisso social”. O próprio Senhor Jesus, no Evangelho, deixou
bem claro: “Nem toda pessoa que me diz: ‘Senhor, Senhor, entrará no Reino dos
Céus, mas somente quem faz a vontade de meu Pai” (Mt 7,21). A IV
Conferência Latino Americana e Caribenha, em Santo Domingo, constatou: “A
falta de coerência entre a fé que se professa e a vida cotidiana é uma das
várias causas que geram pobreza em nossos países...” O documento 92 da
CNBB, fazendo alusão às CEBs, afirma claramente: “As Comunidades
Eclesiais de Base (CEBs) representam uma maneira de ser Igreja, de ser
comunidade, de fraternidade, inspirada na mais legítima e antiga tradição
eclesial”.
Nesse contexto, as
Comunidades Eclesiais de Base são experiências vivas do Reino de Deus
encarnadas na história humana, uma alternativa feliz de enraizar os valores da
fé cristã nos campos mais desafiadores da sociedade, especialmente na POLÍTICA,
o que não deve ser considerado um PERIGO, mas uma NECESSIDADE da missão.
Entendemos, portanto, que as declarações
feitas na Folha de São Paulo são inadequadas e inapropriadas para a construção
da tão sonhada UNIDADE NA DIVERSIDADE, em virtude do Reino de Deus.
Marilza José Lopes Schuina
Presidenta do CNLB
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