REFLEXÃO DO EVANGELHO DOMINICAL - Mc 7, 1-8.14-15.21-23 - ANO B - 22º DOMINGO DO TEMPO COMUM

NOTAS PARA COMPREENSÃO DO TEXTO:

OS FARISEUS eram membros de um partido religioso que se dedicavam ao estudo e cumprimento da Lei Mosaica e das tradições dos antepassados.
O que marcava o fariseu era o apego e o valor que davam às exterioridades. Enquanto exigiam o cumprimento de práticas humanas caducas, seu coração estava distante. Apegavam-se a detalhes minuciosos e os impunham como fardo pesado ao povo. Eles cobravam nada menos que 265 mandamentos e 365 proibições. Por exemplo, no dia de sábado (dia santificado), uma pessoa só podia andar até 2000 passos (uma jornada de sábado). Se uma casa caisse sobre alguém, a vítima podia ser deixada lá dentro, caso pudesse sobreviver até o dia seguinte (Veja "Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos" de Ralf Gower, pag. 354)(...)

O nome "fariseu" significava "separado". Era assim que os seus adversários os chamavam, porque eles se julgavam uma ilha de pureza no meio dos outros, que eles chamavam "impuros", Seus adversários religiosos eram "os saduceus". O ponto de separação era a crença na ressurreição dos mortos, na imortalidade da alma e a existência de espíritos de maneira geral, em que os saduceus não acreditavam.

"O QUE TORNA IMPURO O HOMEM NÃO É O QUE ENTRA NELE VINDO DE FORA, MAS O QUE SAI DO SEU INTERIOR."

Aferrados às exterioridades, os fariseus pautavam sua vida na bitola das formalidades legais, sem dar a mínima para o espírito da lei. Sua religião consistia em ritos exteriores. Até para agradar a Deus, tinham eles as cerimônias certas: queimar bois no altar do templo. Jesus estava enfocado era nas coisas do espírito. "Eu quero misericórdia e não sacrifícios." O que torna impuro o homem sai do coração. É dele que saem as imoralidades, os adultérios, o ódio que os fariseus tinham às pessoas taxadas de pecadoras como os discípulos de Jesus. É dele que saía o orgulho com que eles se empavonavam nas primeiras cadeiras dos banquetes ou nos primeiros lugares do templo. Este era o divisor de águas entre Jesus e os fariseus. Era o ponto central das constantes discussões. Estava fora de dúvida que os tempos novos estavam nascendo. "O Novo Testamento não estará mais sob o guarda-chuva da Lei (a Torá), mas sob o guarda-sol do Amor." (Frei Clarêncio Neotti in Ministério da Palavra - Ano B - pag. 182).

A TRADIÇÃO - Os fariseus davam muito valor às tradições. Até aí nada mau. Só que tradições de autoria humana como "tomar banho toda vez que se voltasse da rua" - "coisinhas que, no máximo, se referiam à higiene pessoal" (coluna-laranja do Domingo de hoje) - eram apregoadas como se fossem divinas e eles se arvoravam como sacerdotes e divinos cobradores desses mandamentos. Iam mais adiante, taxavam de "pecadores" os que não as praticavam, discriminavam-nos e os separavam do convívio social.

REFLEXÕES

Esta palavra "tradição", tão saborosa para os fariseus, venceu os tempos e levanta a cabeça ainda hoje. É comum, atualmente, esta expressão "ser católico por tradição". Ser católico por tradição é assumir a catolicidade dos avós, como se ela fosse aquele ferro que marca o gado da família. Ser católico por tradição é cumprir as formalidades e tradições da família, coisinhas muito parecidas com aquelas cobradas pelos fariseus. Pior ainda quando o "católico por tradição", zeloso de suas tradições "oracionais", passa a discriminar os que não as observam. "É comovente a passagem dos Atos, quando, Pedro, hebreu, entra numa casa pagã: "Bem sabeis que é proibido a um judeu aproximar-se de um estrangeiro ou ir à sua casa. Todavia, Deus me mostrou que nenhum homem deve ser considerado profano ou impuro. Por isso vim, sem hesitar." (At 10, 28) - Vide Frei Clarêncio Neotti no seu livro "Ministério da Palavra" - Ano B - pag. 183).

Francisco Valmir Rocha

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